Morreu segundo manifestante detido nos protestos da Bielorrússia

por RTP
Reuters

As autoridades bielorrussas confirmaram a morte de um segundo manifestante detido durante um protesto contra a reeleição do Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko. Na quarta-feira, foram detidas cerca de 700 pessoas em mais uma noite de protestos.

Um comunicado divulgado por um comité de investigação confirmou que um homem de 25 anos morreu no Hospital de Gomel, no sul da Bielorrússia, após ter sido detido no domingo durante "uma manifestação não autorizada".

As autoridade nãos especificam a causa da morte afirmando apenas que o estado de saúde da vítima "piorou repentinamente" enquanto estava detido. A mãe do manifestante detido num protesto alegou que o filho sofreu problemas cardíacos depois de ter sido mantido horas numa esquadra, avança a BBC.

O homem terá morrido na quarta-feira, no sudeste da cidade de Gomel, disse o Comité de Investigação, que garante que o incidente vai ser investigado. Embora a mãe garanta que a vítima não estava a participar no protesto, as autoridades bielorrussas condenaram-no a 10 anos de prisão.

Os protestos começaram no domingo à noite e as autoridades confirmaram, esta quinta-feira, que já foram detidas mais de 6700 pessoas, até agora. Só na noite de quarta-feira, a polícia deteve cerca de 700 pessoas.

Pelo quinto dia consecutivo, as manifestações ocorreram em 25 cidades bielorrussas e, segundo a porta-voz do Ministério do Interior, Olga Chemodanova, juntaram milhares de pessoas, tal como já tinha acontecido nos dias anteriores.

"Os incidentes no país perderam o caráter massivo, mas o nível de agressividade contra as forças da segurança continua elevado", informou o ministério, em comunicado.

Em várias localidades de Minsk, grandes grupos de pessoas formaram longas "linhas de solidariedade". Mais de 100 mulheres a carregar flores e retratos dos seus familiares, detidos durante protestos, reuniram-se na parte sudoeste da cidade, onde a polícia respondeu com balas de borracha às pessoas que cantavam e batiam palmas nas varandas na noite de quarta-feira.

Desde o início dos protestos que têm decorrido confrontos entre os manifestantes e as forças de segurança. Em Brest, a polícia já admitu que usou balas reais sob os manifestantes quando foram atacados por estes.
O Ministério do Interior indicou que, até agora, há 103 polícias feridos, 28 dos quais estão hospitalizados.

No entanto, as autoridades bielorrussas não deram informações sobre os feridos entre os manifestantes, contra os quais foram disparadas balas de borracha, granadas atordoantes e foram usados cassetetes sem restrições. Mas, de acordo com a Associação de Imprensa da Bielorrússia, pelo menos 50 jornalistas estão entre os detidos e os feridos durante os protestos dos ultimos dias.
ONU critica repressão bielorrussa

A polícia tem tentado reprimir os protestos com cassetetes, gás lacrimogéneo e balas de borracha, granadas atordoantes e outros meios, o que tem gerado duras críticas, nos últimos dias.

A Alta Comissária para os Direitos Humanos das Nações Unidas, Michelle Bachelet, condenou na quarta-feira o uso de violência pelas autoridades bielorrussas nos protestos pacíficos, em contestação pelos resultados das eleições de domingo que deram ao Presidente Alexander Lukashenko uma vitória esmagadora com 80 por cento dos votos.

Bachelet afirmou que a polícia tem usado força excessiva, disparando balas de borracha, usando canhões de água e lançando granadas de choque sob os manifestantes.

"Relatórios sugerem que mais (de) aproximadamente seis mil pessoas foram detidas nos últimos três dias, incluindo transeuntes e menores, sugerindo uma tendência de detenções em massa, numa clara violação dos padrões internacionais de direitos humanos", disse num comunicado.

"Ainda mais preocupantes são os relatos de maus tratos durante e após a detenção", acrescentou ainda, apelando a que fossem libertados todos os detidos ilegalmente e investigados os abusos por parte das forças de seguraça.

Também a União Europeia se juntou às vozes críticas e está a aconsiderar aplicar novas sanções a Misk.

O chefe da política externa da União Europeia, Josep Borrell, anunciou que os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 irão reunir-se na sexta-feira para discutir as suas relações com a Bielorrússia e considerar "medidas contra os responsáveis pela violência observada, prisões injustificadas e falsificação de resultados eleitorais".

Bruxelas suspendeu as sanções impostas sobre o histórico de direitos humanos de Lukashenko em 2016, mas irá analisar a possibilidade de aplicar novas medidas esta semana.

Já o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, disse que a eleição na Bielorrússia não foi "livre e justa" e pediu ao governo que se abstenha de violência contra manifestantes pacíficos.

Os resultados eleitorais estão a ser contestados pela oposição, que denunciou atos de violência e de fraudes no processo eleitoral.
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