Mundo
"Mortas, feridas, sequestradas e forçadas a matar". É o dia a dia de milhões de crianças iraquianas
Sob o reino de terror do Estado Islâmico, muitas destas crianças experimentam desde 2014 uma brutalidade sem limites “naquela que é uma das guerras mais atrozes da história recente”, mostra o relatório publicado esta quinta-feira pelas Nações Unidas. Por exemplo, em Mossul, bastião dos fundamentalistas no norte do Iraque, as crianças são executadas como castigo para as famílias e uma forma de dissuadir qualquer ideia de fuga da região. Em dois meses foram mortas 23 e 123 ficaram feridas só nessa cidade.
Se o título do relatório da Unicef – Nowhere to Go (Sem Lugar para Ir) – é em si um sinal da situação desesperada em que vivem mais de cinco milhões de crianças num Iraque fraturado pela intervenção externa, os números deixados no sumário relativos ao período de 2014 para cá refletem a urgência que a situação exige: 1075 crianças mortas (152 nos primeiros seis meses deste ano), 1130 mutiladas e feridas (255 nos primeiros seis meses deste ano), mais de 4650 separadas das famílias ou que ficaram desacompanhadas, mais de três milhões não frequentam a escola regularmente e 1,2 milhões estão fora da escola.

De qualquer forma, a escola não é o lugar tranquilo, o porto seguro que se imagina na vida de uma criança, já que, nestes três anos desde 2014, foram levados a cabo 138 ataques a escolas no Iraque. A agência lamenta igualmente as situações em que as crianças são usadas como escudos humanos.
São números que levam a Unicef a concluir pela necessidade de auxílio para mais de cinco milhões de crianças no país - nas palavras do relatório “crianças que necessitam de assistência humanitária urgente”. Estamos a falar de mais de metade da população portuguesa.

A Unicef lembra a situação do Iraque pós-Saddam Hussein, um país que procura erguer-se nos escombros de uma guerra de xiitas contra sunitas, de curdos contra sunitas, com o Estado Islâmico a tentar instalar o seu califado, de todos contra todos, um conflito que teima em impedir todos os esforços de reconstrução e que só nestes três anos – desde 2014 – fez mais de três milhões de refugiados.
Metade desses refugiados são crianças. No caos do conflito, na tentativa de escapar à violência, há milhares de famílias que se separam, com milhares de filhos a perder-se dos pais. Muitas dessas crianças, assinalam os funcionários da ONU, têm idades a rondar os três anos, o que as coloca numa situação de especial debilidade face a todo o tipo de abusos.
Na sequência de episódios extremos que tenham vivido ou a que apenas tenham estado expostos, os mais novos guardam essas experiências negativas e acabam por ter de lidar com "as feridas físicas e psicológicas da guerra", lê-se no relatório. Mas não só. A nível físico, as cicatrizes também são muito visíveis nestas faixas etárias: metade dos pacientes tratados por feridas de bala ou shrapnel nos centros hospitalares de Mossul são crianças.
"O fim de todas as violações graves"
As razões para a fuga do país – ou para os deslocamentos internos – encontram também explicação noutros dados do relatório. “Partes do país transformadas em zonas de guerra”, “infraestruturas civis gravemente danificadas ou destruídas”, entre as quais “metade das escolas a necessitar de reparações” são algumas das situações constatadas no terreno pelos especialistas desta agência das Nações Unidas.

É desta forma que a ONU lança um apelo para que o mundo esteja atento a esta situação e não vire a cara para o lado quando os iraquianos, pais e filhos, buscarem uma situação mais segura em outras latitudes.

Além do apelo ao fim do conflito, recomenda o relatório da Unicef que, não havendo previsão para o fim da violência no Iraque, “todas as crianças afectadas pela crise, onde quer que estejam, devem ter acesso sustentado e sem obstáculos a assistência humanitária e serviços básicos”. Exige também “o fim de todas as violações graves contra as crianças, incluindo a morte, a mutilação e o recrutamento”.
A Unicef pede o respeito pela “liberdade de circulação para todas as famílias que desejam encontrar segurança noutro local ou retornar às suas casas” e, também assim, de “acesso a protecção legal e serviços para todas as crianças detidas e em tratamento de acordo com os padrões internacionais de detenção juvenil”.

Face à escassez de recursos financeiros com que diz defrontar-se – 100 milhões de dólares para operações de emergência cruciais no Iraque – a agência das Nações Unidas deixa um apelo ao aumento dos investimentos para melhorar no terreno a qualidade dos serviços de educação, saúde e protecção dos mais novos.
São meios financeiros que servirão igualmente ao movimento de retorno. Por exemplo, estima-se que em Fallujah, Mossul e Ramadi houvesse cerca de 800 mil pessoas prontas para regressar a casa.
De qualquer forma, a escola não é o lugar tranquilo, o porto seguro que se imagina na vida de uma criança, já que, nestes três anos desde 2014, foram levados a cabo 138 ataques a escolas no Iraque. A agência lamenta igualmente as situações em que as crianças são usadas como escudos humanos.
São números que levam a Unicef a concluir pela necessidade de auxílio para mais de cinco milhões de crianças no país - nas palavras do relatório “crianças que necessitam de assistência humanitária urgente”. Estamos a falar de mais de metade da população portuguesa.
A Unicef lembra a situação do Iraque pós-Saddam Hussein, um país que procura erguer-se nos escombros de uma guerra de xiitas contra sunitas, de curdos contra sunitas, com o Estado Islâmico a tentar instalar o seu califado, de todos contra todos, um conflito que teima em impedir todos os esforços de reconstrução e que só nestes três anos – desde 2014 – fez mais de três milhões de refugiados.
Metade desses refugiados são crianças. No caos do conflito, na tentativa de escapar à violência, há milhares de famílias que se separam, com milhares de filhos a perder-se dos pais. Muitas dessas crianças, assinalam os funcionários da ONU, têm idades a rondar os três anos, o que as coloca numa situação de especial debilidade face a todo o tipo de abusos.
Na sequência de episódios extremos que tenham vivido ou a que apenas tenham estado expostos, os mais novos guardam essas experiências negativas e acabam por ter de lidar com "as feridas físicas e psicológicas da guerra", lê-se no relatório. Mas não só. A nível físico, as cicatrizes também são muito visíveis nestas faixas etárias: metade dos pacientes tratados por feridas de bala ou shrapnel nos centros hospitalares de Mossul são crianças.
"O fim de todas as violações graves"
As razões para a fuga do país – ou para os deslocamentos internos – encontram também explicação noutros dados do relatório. “Partes do país transformadas em zonas de guerra”, “infraestruturas civis gravemente danificadas ou destruídas”, entre as quais “metade das escolas a necessitar de reparações” são algumas das situações constatadas no terreno pelos especialistas desta agência das Nações Unidas.
É desta forma que a ONU lança um apelo para que o mundo esteja atento a esta situação e não vire a cara para o lado quando os iraquianos, pais e filhos, buscarem uma situação mais segura em outras latitudes.
Além do apelo ao fim do conflito, recomenda o relatório da Unicef que, não havendo previsão para o fim da violência no Iraque, “todas as crianças afectadas pela crise, onde quer que estejam, devem ter acesso sustentado e sem obstáculos a assistência humanitária e serviços básicos”. Exige também “o fim de todas as violações graves contra as crianças, incluindo a morte, a mutilação e o recrutamento”.
A Unicef pede o respeito pela “liberdade de circulação para todas as famílias que desejam encontrar segurança noutro local ou retornar às suas casas” e, também assim, de “acesso a protecção legal e serviços para todas as crianças detidas e em tratamento de acordo com os padrões internacionais de detenção juvenil”.
Face à escassez de recursos financeiros com que diz defrontar-se – 100 milhões de dólares para operações de emergência cruciais no Iraque – a agência das Nações Unidas deixa um apelo ao aumento dos investimentos para melhorar no terreno a qualidade dos serviços de educação, saúde e protecção dos mais novos.
São meios financeiros que servirão igualmente ao movimento de retorno. Por exemplo, estima-se que em Fallujah, Mossul e Ramadi houvesse cerca de 800 mil pessoas prontas para regressar a casa.