Moscovo pode usar armas nucleares para defender territórios ocupados, diz Medvedev

O antigo presidente russo Dmitry Medvedev avisou esta quinta-feira que quaisquer armas do arsenal de Moscovo, incluindo armas nucleares, podem ser usadas para defender territórios ocupados pela Rússia na Ucrânia.

Joana Raposo Santos - RTP /
Alexey Nikolsky - Reuters

“Não só as capacidades de mobilização, mas também quaisquer armas russas, incluindo armas nucleares estratégicas e armas baseadas em novos princípios, podem ser usadas para essa defesa”, declarou.

Os comentários de Medvedev chegam um dia depois de o presidente russo, Vladimir Putin, ter avisado que Moscovo vai usar "todos os meios disponíveis" para proteger a "integridade territorial" da Rússia, anunciando ainda a mobilização de 300.000 forças de reserva para lutar na Ucrânia.

A ameaça nuclear subentendida nas declarações de Putin atraiu a condenação imediata de uma série de líderes ocidentais.

Medvedev, que é atualmente vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, frisou ainda que vão ser realizados referendos pelas autoridades russas e separatistas instaladas em território ucraniano. “Não há como voltar atrás”, considerou.

“As repúblicas do Donbass [Donetsk e Luhansk] e outros territórios serão anexados à Rússia”, disse o ex-presidente na plataforma Telegram, referindo-se às regiões separatistas no coração industrial do leste da Ucrânia.
Referendos a partir de sexta-feira
Os referendos deverão realizar-se nas partes controladas pela Rússia das províncias de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhia, assim como parte da província de Mykolaiv, a partir de sexta-feira. É expectável que os resultados sejam favoráveis à Rússia.

As votações, que vão ocorrer sob ocupação militar e sem qualquer supervisão externa, foram rotuladas por Kiev e pelos seus aliados ocidentais como farsas.

Se entrarem formalmente na Federação Russa, os territórios ocupados - onde a contraofensiva ucraniana ganhou ritmo nas últimas semanas – terão direito à proteção russa com armas nucleares.

Moscovo não controla totalmente nenhuma das quatro regiões que vai tentar anexar, com apenas cerca de 60% de Donetsk e 66% de Zaporizhia atualmente sob controlo do seu exército.
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