MPLA homenageia nacionalista Lúcio Lara

por Agência LUSA

O MPLA, partido no poder em Angola, homenageou o nacionalista Lúcio Lara +Chiweka+, uma das principais figuras da luta pela independência do país, que abandonou a actividade política no final do ano passado devido a problemas de saúde.

A homenagem decorreu na segunda-feira à noite, assinalando o dia em que se completaram 30 anos sobre a chegada de Lúcio Lara a Luanda, à frente da primeira delegação do MPLA que se deslocou à capital angolana depois da queda da ditadura em Portugal.

A 08 de Novembro de 1974, Lúcio Lara aterrou em Luanda liderando a primeira delegação oficial do MPLA que chegou à capital angolana.

A cerimónia de homenagem, que reuniu várias centenas de pessoas no Cine Atlântico, foi marcada pela apresentação de depoimentos de antigos companheiros da luta pela independência, que destacaram o papel de Lúcio Lara como "combatente pela liberdade".

"Lúcio Lara é uma das figuras incontornáveis da história de Angola no último meio século", afirmou o deputado Costa Andrade +Ndunduma+, da bancada do MPLA.

Na sua intervenção, Costa Andrade recordou que foi Lúcio Lara que empossou o primeiro presidente angolano, Agostinho Neto, e depois deu posse ao actual chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, na sua qualidade de segunda figura da hierarquia do MPLA.

Por seu lado, António Bento Bento, líder do MPLA na província de Luanda, salientou que Lúcio Lara "é um homem que deve ser apontado como símbolo da angolanidade".

"Esta é uma homenagem mais do que merecida pela entrega total de Lúcio Lara à luta de libertação nacional", salientou Ludi Kissassunda, um ex-dirigente do MPLA que já abandonou a vida política.

Apesar de estar presente na homenagem que lhe foi feita, os problemas de saúde impediram Lúcio Lara de se pronunciar, pelo que coube à sua neta mais velha, Chiloia Lara, ler uma mensagem na qual o nacionalista agradeceu a homenagem e recordou alguns dos seus antigos companheiros de luta, entre os quais Agostinho Neto.

Lúcio Rodrigo Barreto de Lara, 75 anos, nasceu na cidade do Huambo, no planalto central de Angola, tendo iniciado a sua actividade política na década de 40, quando frequentava a Universidade de Coimbra.

Foi nesta cidade portuguesa que conheceu personalidades como Agostinho Neto, Antero de Abreu e Diógenes Boavida, entre outros nacionalistas angolanos.

Com Agostinho Neto, Mário de Andrade, Amílcar Cabral e Zito Van-Dúnem, Lúcio Lara foi um dos fundadores do Clube Marítimo Africano, um centro de formação política que também se dedicava ao envio de material político para as antigas colónias portuguesas utilizando navios que se deslocavam para aquelas zonas de África.

Lúcio Lara, que fugiu para França na sequência da perseguição da PIDE (polícia política portuguesa), foi membro do Movimento Anti- Colonial e da Frente Revolucionária Africana para a Independência Nacional, antes de aderir ao MPLA, de cujo Comité Director Exterior fez parte a partir de 1960.

Entre 1962 e 1974 desenvolveu a sua actividade política clandestina em Cabinda e no leste de Angola, mas também no território da actual República do Congo, junto de refugiados angolanos que ali se encontravam.

Lúcio Lara era deputado na Assembleia Nacional de Angola, cargo a que renunciou em finais do ano passado devido a problemas de saúde.

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