Mubarak, há 24 anos no poder, luta por novo mandato

O candidato do Partido Nacional Democrática (PND, no poder) e actual Presidente do Egipto, Hosni Mubarak, no poder há 24 anos, parte como favorito para as primeiras presidenciais pluralistas e directas do país, na próxima quarta-feira.

Agência LUSA /

Nascido em Menufiya, no delta do Nilo, há 77 anos, Mubarak ingressou nas Forças Armadas egípcias ainda adolescente, tendo participado no movimento dos "Oficiais Livres", que derrubaram a monarquia, em 1952.

A sua perícia na Força Aérea e acção na guerra de 1973 contra Israel serviram-lhe de trampolim para a política, tendo sido designado vice-Presidente e sucessor do então chefe de Estado do Egipto, Anwar Sadat, em 1975.

Seis anos depois, em Outubro de 1981, Sadat é assassinado por um grupo de radicais islamitas e Mubarak assume o controlo do país.

Mubarak esforçou-se por recuperar o prestígio do Egipto no mundo árabe e empreendeu um programa para reformar e reforçar a economia, o que permitiu a entrada do país no mundo das tecnologias.

Mubarak aproximou também o Egipto dos Estados Unidos, convertendo o país num dos principais aliados da Casa Branca no Médio Oriente.

Em 1992, Mubarak começa a fazer frente a um dos maiores desafios do seu Governo com o aparecimento de movimentos radicais violentos, que perpetraram centenas de atentados no país.

Combatidos com "mão de ferro", os grupos radicais Jihad Islâmica e Gamaa Islâmica entregaram as armas em 1998, depois de uma operação das forças de segurança que se saldou num elevado número de mortos e em milhares de presos políticos.

Nos últimos anos, o regime de Mubarak viu-se, no entanto, a braços com escândalos de corrupção e o fracasso de algumas políticas, nomeadamente a implementação de uma economia de mercado e a privatização de empresas públicas, abrindo o caminho ao ressurgimento da oposição.

Aos escândalos e fracassos políticos juntaram-se as manifestações de milhares de pessoas e as pressões norte-americanas no sentido de serem realizadas reformas democráticas no país.

Mubarak decide então fazer o referendo constitucional que permite, pela vez na história do país, a realização de eleições presidenciais pluralistas e directas.

Para vencer as eleições do próximo dia 07, Mubarak tem a seu favor o carisma popular e a enorme capacidade de mobilização do PND, principal força política do Parlamento, desde que foi fundado em 1975.

Contra si jogam a pobreza que se vive no país, os movimentos islamitas, o aumento da violência terrorista e os escândalos de corrupção.

O prestígio da sua política internacional também caiu depois da inoperância dos líderes árabes face aos conflitos no Iraque e Médio Oriente.

Mesmo assim, tudo indica que Mubarak vencerá as eleições de quarta-feira com uma ampla vantagem sobre os seus principais opositores, o líder do Al-Ghad, Ayman Nur, e o presidente do histórico partido Al-Wafd, Numan Gumaa.

Ayman Nur, um advogado de 40 anos, é um político ambicioso e amplamente conhecido nos círculos internacionais.

Uma das bandeiras da sua campanha eleitoral é a criação do subsídio de desemprego.

Distinguido como o deputado euro-mediterrânico mais jovem em 1996, entrou na política egípcia em finais de 2003 quando decidiu criar o seu próprio partido, que só foi legalizado em 2004.

Uma legalização controversa, já que depois das eleições Nur terá que responder em tribunal por crimes de falsificação de assinaturas, requeridas para a criação do Al-Ghad.

A sua detenção durante 43 dias por este alegado crime foi criticada pelos Estados Unidos e a União Europeia, que a qualificaram de "ilegal e injustificada" e pressionaram o regime egípcio a libertá-lo.

Este caso não serviu, no entanto, para aumentar o apoio popular de Nur no Egipto, onde é uma figura pouco conhecida, sobretudo nas populosas áreas rurais.

Gumaa, presidente do histórico partido Al-Wafd, é um veterano na política, apesar de não gozar de muita popularidade.

Professor universitário, com 71 anos, o actual presidente do Al-Wafd é considerado o principal rival de Hosni Mubarak pelos analistas políticos.

O Al-Wafd tem-se destacado pelas duras críticas às políticas do regime de Mubarak, a quem acusam de ter arrastado o Egipto para uma das eras mais negras de toda a sua história.

Gumaa defende reformas profundas que acabem com a corrupção, recuperam a economia e as liberdades.

No seu programa eleitoral, Gumma defende a privatização dos meios de comunicação social, a reforma da pesada burocracia egípcia, o levantamento da Lei de Emergência e a independência do poder judicial.


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