"A vida política de Mandela permanecerá um símbolo de excelência", disse Mugabe, de 89 anos, que liderou a independência do Zimbabué, mas nunca deixou o poder sendo hoje o chefe de Estado mais velho de África.

"Não foi apenas um grande campeão da emancipação dos oprimidos, mas também um líder humilde e cheio de compaixão que mostrou a sua devoção altruísta ao serviço do seu povo", acrescentou numa carta de condolências enviada ao presidente sul-africano Jacob Zuma, citada pelo diário governamental The Herald.

No Zimbabué, todas as rádios públicas e privadas interromperam a sua programação para difundir em contínuo música e mensagens dos ouvintes.

"Juntamo-nos ao resto do país no luto pela sua morte. Nelson Mandela ficará para sempre nos nossos espíritos como um incansável combatente pela justiça", acrescenta a mensagem de Mugabe que em maio, num documentário, tinha criticado Mandela por este ter sido demasiado benevolente com os brancos sul-africanos.

Os laços entre Mugabe e o Congresso Nacional Africano (ANC), no poder na África do Sul, continuam fortes e enraizados na aliança forjada durante o apartheid. Independente desde 1980, o Zimbabué concedeu refúgio e apoio à luta do ANC.

Esta dívida explica em parte porque é que a África do Sul atual continua a apoiar Mugabe, apesar do mau registo do país em matéria de direitos humanos e de liberdades fundamentais.

A morte de Nelson Mandela, aos 95 anos, foi anunciada na quinta-feira à noite pelo Presidente da República da África do Sul, Jacob Zuma, motivando de imediato reações de pesar a nível mundial.

"A nossa nação perdeu o maior dos seus filhos", disse Jacob Zuma, anunciando que a bandeira sul-africana vai estar a meia-haste a partir de hoje e até ao funeral de Estado, marcado para 15 de dezembro.

O Comité Nobel norueguês considerou hoje Nelson Mandela, que esteve preso quase trinta anos pela sua luta contra o regime "apartheid" da África do Sul, "um dos maiores nomes da longa história dos prémios Nobel da Paz".

Mandela foi o primeiro Presidente negro da África do Sul, entre 1994 e 1999.

Nelson Mandela deverá ser sepultado a 15 de dezembro na sua aldeia natal de Qunu, no sul do país.