O presidente Robert Mugabe demitiu-se do cargo de presidente do Zimbabué esta terça-feira, através de uma carta, anunciou o líder do parlamento. Diz que a decisão é "voluntária" e pede uma "transferência pacífica de poder". Novo presidente deverá tomar posse na quarta-feira.
Robert Mugabe demite-se assim da presidência, ao fim de 37 anos no poder, por escrito, e antes do início do debate do "impeachment", para a sua destituição.
A sessão que decorria no Parlamento acabou por ser foi interrompida. O anúncio feito pelo líder do parlamento, Jacob Mudenda, foi recebido com aplausos por parte dos deputados.
The moment the speaker of Zimbabwe's parliament read out Robert Mugabe's letter of resignation https://t.co/ookRf1pBzM pic.twitter.com/eT5kRpNpnM
— BBC Breaking News (@BBCBreaking) 21 de novembro de 2017
A sessão estava a ser acompanhada por centenas de pessoas que se encontravam concentradas frente ao edifício do Parlamento e que exigiam o afastamento do chefe de Estado confinado à residência particular pelos militares, desde a semana passada.
Nas ruas festejou-se o fim de uma era de quase 40 anos. O clima é de festa e alargou-se às ruas da capital, onde houve carros a buzinar e pessoas eufóricas, entre danças, abraços e gritos.
The people of Zimbabwe are celebrating Robert Mugabe's resignation as president with dancing and cheering in the streets; @McKenzieCNN says many told him "this is the moment they were waiting for" https://t.co/s0I7Drp8rN pic.twitter.com/8s5oBofNB1
— CNN International (@cnni) 21 de novembro de 2017
"This is a country that has changed overnight" - @McKenzieCNN takes us through the streets of Harare, where people are celebrating Robert Mugabe's resignation as president of Zimbabwe https://t.co/cd3nsWrbxu pic.twitter.com/DzZXrS8t2O
— CNN (@CNN) 21 de novembro de 2017
Robert Mugabe recusava ceder a Presidência do Zimbabué. Apesar de estar a ser pressionado pelo próprio partido, pela oposição e pelas Forças Armadas, Mugabe não desiste. É acusado de sucessivas violações dos Direitos Humanos para se manter no poder desde 1980.
Os deputados da ZANU-PF (União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica) já tinham anunciado que iriam avançar com o processo que permitia desencadear a sua destituição, em apenas dois dias.
O antigo vice-presidente, Emmerson Mnangagwa, deverá tomar posse na próxima quarta-feira, de acordo com declarações à agência Reuters de de Patrick Chinamasa, o representante do ZANU-PF, o partido do poder. Vai cumprir o restante tempo de mandato de Mugabe, até às eleições de setembro de 2018.
Antigo vice-presidente apelou a Mugabe
Emmerson Mnangagwa, o antigo vice-presidente, destituído há duas semanas, tinha apelado esta terça-feira ao Presidente para que se demitisse imediatamente, de modo a "preservar o seu legado" e a permitir "ao país avançar".
Numa nota enviada à imprensa, Emmerson Mnangagwa, cuja destituição desencadeou o golpe do exército contra Mugabe, também indicou que não iria regressar ao Zimbabué enquanto não tivesse certeza que a sua segurança era garantida.
O ex-vice-presidente do Zimbabué, no estrangeiro desde que foi destituído no dia 6 de novembro, confirmou que esteve em contacto com o Presidente, conforme indicou na noite de segunda-feira o chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, o general Constantino Chiwenga.
A associação dos veteranos de guerra do Zimbabué também já tinha apelado esta terça-feira à mobilização da população para fazer "cair imediatamente" Robert Mugabe.
"Toda a população deve parar como o que está a fazer e dirigir-se à residência privada do chefe de Estado para que Robert Mugabe abandone o poder imediatamente (…) os manifestantes devem mobilizar-se de imediato", disse à France Presse Chris Mutsvangwa, o líder dos antigos combatentes da guerra de libertação.