Mulher de Ratko Mladic foi presa em Belgrado

Bosiljka Mladic, mulher do ainda procurado líder militar servo-bósnio Ratko Mladic, procurado por genocídio, foi detida na capital da Sérvia, alegadamente por posse de armas ilegais. O marido continua em parte incerta com a sua captura a constituir argumento importante no processo de adesão da Sérvia à UE.

RTP /
Ratko Mladic contou com a protecção de Slobodan Milosevic depois do massacre de Srebrenica DR

Se de acordo com o advogado da família a mulher do antigo comandante sérvio da Bósnia foi detida à guarda de um processo relacionado com posse de armas ilegais encontradas em sua casa durante uma busca efectuada no ano de 2008,a verdade é que, tal como reporta Aljosa Milenkovic, jornalista da Al Jazeera em Belgrado, muita gente vê nesta prisão "mais uma forma de pressionar Ratko Mladic a render-se" e a entregar-se às autoridades da Sérvia.

Um antigo oficial de Tito Ratko Mladic nasceu na Bósnia na cidade de Kalinovik no ano de 1942.

Cresceu na Jugoslávia de Tito tendo ingressado no Exército do Povo e chegado à posição de oficial.

Com a desintegração da Federação Jugoslava foi colocado no comando no corpo do exército jugoslavo contra a Croácia em Knin.

Mais tarde, assumiu o comando do segundo distrito militar do exército jugoslavo em Sarajevo.

Em Maio de 1992 a Assembleia da Sérvia da Bósnia votou a criação do exército sérvio-bósnio e o comando foi atribuído a Ratko Mladic.

È considerado um dos principais obreiros do cerco a Sarajevo e em 1995 liderou o ataque à região protegida pelas Nações Unidas de Srebrenica, que ficou para a história mundial como a pior atrocidade cometida no pós-segunda guerra mundial.

As forças dos Sérvios da Bósnia mantiveram o cerco onde dezenas de milhar de civis se tinham refugiado após as anteriores ofensivas da Sérvia na Bósnia.

As forças comandadas por Mladic bombardearam Srebrenica com bombas pesadas e rokets durante cinco dias sem interrupção antes de Mladic entrar na cidade acompanhado pelas câmaras de televisão da Sérvia.

No dia seguinte à sua entrada triunfal e ensaiada em Srebrenica entraram na cidade autocarros que levaram as mulheres e crianças para território muçulmano enquanto os sérvios separavam os homens e crianças muçulmanas dos 12 aos 77 anos para "interrogatório por suspeita de crimes de guerra".

Nos cinco dias seguintes pelo menos 7.500 homens e crianças de Srebrenica forram assassinados.

Depois do fim da Guerra da Bósnia, Ratko Mladic regressou a Belgrado onde gozou de um claro e assumido apoio de Slobodan Milosevic então no poder.

Acusado pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia pelos crimes de Genocídio, cumplicidade em genocídio, crimes contra a humanidade e violações da lei dos costumes de guerra, Mladic é um dos mais procurados criminosos de guerra nas Balcãs.

Milos Ljajic, advogado da família, citado pelo jornal sérvio "Vecernje Novosti", não tem dúvidas em afirmar que a prisão de Bosiljka Mladic é uma espécie de "vingança do Estado" após a tentativa da família de Ratkop Mladic de o declarar legalmente morto.

Em Maio, a família do antigo comandante sérvio da Bósnia, braço direito de Radovan Karadzic já detido em Julho de 2008, entrou com um processo judicial no sentido de declarar Mladic legalmente morto porque, justificam no processo, só assim terão acesso à pensão por sua morte.

Rasim Ljajic líder do conselho nacional da Sérvia de cooperação com o tribunal de Hague, desmente esta versão, afirmando que as duas questões são independentes e não se relacionam.

"O pedido da família para a declaração da morte legal de Mladic será analisada pelo Tribunal e nós não queremos interferir com essa decisão", afirma.

"As acusações contra Ratko Mladic ... serão também analisadas num Tribunal mas a pedido da polícia. Os dois processos são totalmente independentes", concluiu.

Ratko Mladic foi o comandante-chefe das Forças Armadas dos Sérvios da Bósnia e é acusado pelo Tribunal Penal Internacional para a antiga Jugoslávia da responsabilidade do cerco a Sarajevo entre 1992 e 1995 que provocou dez mil mortos e do massacre de Srebrenica em 1995 que provocou a morte a 8000 muçulmanos entre homens e crianças.

Tendo vivido em relative liberdade em Belgrado Mladic desapareceu da circulação no ano de 2001 após a prisão do antigo presidente jugoslavo Sobodan Milosevic.

A Sérvia está sujeita a enormes pressões internacionais para que detenha os responsáveis por crimes de guerra ainda em liberdade, pressões que são tidas como pressupostos para a adesão da Sérvia à União Europeia.

Na verdade, as autoridades da Sérvia incrementaram nos últimos meses as acções que visam encontrar e deter o criminoso de guerra que se encontra há já longo tempo "a monte" sem dar notícias e em local desconhecido pelas autoridades servas.

A cooperação das autoridades da Sérvia com o Tribunal Penal Internacional para a Ex-Jugoslávia é considerada pelos responsáveis europeus como um incentivo à aprovação da candidatura do país ao ingresso na União Europeia, pelo que um relatório positivo do acusador Serge Brammertz dos Estados Unidos, poderá ser decisivo na apreciação comunitária da pretensão da Sérvia.

O Promotor norte-americano referiu no mês passado estar "cautelosamente optimista" que a Sérvia estava próximo de capturar Ratko Mladic.

Outro alegado criminoso de guerra, o antigo líder dos Sérvios da Croácia, Goran Hadzic, encontra-se em fuga à captura e tal como Mladic pensa-se que se encontre na Sérvia.

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