Mundo reage com regozijo à atribuição do prémio, com poucas excepções
Numerosas reacções saudaram hoje o trabalho cumprido pelo antigo vice-presidente norte-americano Al Gore e pelo Painel da ONU sobre o Clima (IPCC), a quem foi atribuído o Nobel da Paz.
O Nobel, atribuído hoje em reconhecimento pelo trabalho dos dois laureados para chamar a atenção para os perigos do aquecimento global, teve também, pelo menos para já, apenas uma reacção negativa, do presidente checo Vaclav Klaus, que considera a mudança climática "um mito" e para quem a atribuição do prémio "põe em causa os pilares básicos da civilização actual".
Contudo, apesar do laconismo da Casa Branca, que se limitou a declarar através de um porta-voz "é claro que estamos felizes com a atribuição do prémio" ao antigo rival de George W. Bush na corrida à Casa Branca e ao grupo da ONU, ouviu-se um coro de reacções de regozijo de todo o Mundo.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, saudou a contribuição de ambos os laureados "para a luta contra as mudanças climáticas, (que) fez aumentar o interesse por esta questão em todo o mundo".
"O seu trabalho inspirou, tanto os responsáveis políticos, como os cidadãos", acrescentou.
O secretário-geral das Nações Unidas declarou-se "encantado" com a atribuição do Nobel, prestando homenagem ao "compromisso e à convicção excepcionais de Gore, que é um exemplo do papel crucial que os indivíduos e a sociedade civil podem desempenhar para encorajar respostas multilaterais sobre assuntos planetários".
"Graças às descobertas claras e bem documentadas do IPCC sabe-se agora, sem a menor dúvida, que o aquecimento climático está em curso e que é sobretudo provocado pela actividade humana", acrescentou.
Em Portugal, o presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, considerou que o Nobel "reconhece o mérito dos laureados na sensibilização do público, mas deve ser encarado igualmente como um desafio lançado a todos nós - Estados empresas e cidadãos".
"É tempo de descarbonizar o nosso modelo de desenvolvimento, apostando nas tecnologias limpas, nas energias renováveis e na eficiência energética, no quadro do Protocolo de Quito", sublinhou Cavaco Silva.
Também o ministro do Ambiente, Nunes Correia, felicitou-se pela atribuição do Nobel da Paz, considerando-a uma chamada de atenção mundial.
"É um prémio que nos enche de satisfação e que chama a atenção das opiniões públicas a nível mundial para o que é o maior desafio que as nossas sociedades enfrentam", sublinhou.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, manifestou também a sua "grande alegria" pela atribuição do prémio, que, segundo ele, "compromete o conjunto da comunidade internacional".
"Devemos agora, todos juntos, sob a égide das Nações Unidas, reunir-nos e concretizar os nossos esforços para definir, à escala planetária, um quadro global de luta contra o aquecimento climático".
Em Berlim, a chanceler alemã Ângela Merkel felicitou "de todo o coração" os dois laureados com o Nobel da Paz, considerando que "os perigos da mudança climática são um dos grandes reptos da humanidade no século XXI".
Para a chanceler, Gore "lutou como ninguém, pessoalmente, para consciencializar o mundo sobre a necessidade de desenvolver estratégias eficazes contra as mudanças climáticas".
Para o patrono da luta contra o aquecimento global no seio da ONU, Yvo de Boer, este prémio "vai ajudar a garantir o apoio da opinião pública ao que é realmente importante, ou seja, a negociar soluções".
Também o Fundo Mundial para a Vida Selvagem (WWF) reagiu, considerando que a comissão Nobel reconheceu que "a mudança climática é o principal desafio do século XXI".
Achim Steiner, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, considerou, por seu turno, que "a comissão Nobel fez hoje compreender que o combate contra a mudança climática é uma política essencial para a paz e a segurança" neste século.
Em Roma, o ministro do Ambiente italiano e presidente dos Verdes, Alfonso Pecoraro Scanio, declarou que o Nobel "é a melhor resposta possível a quem se obstina em negar as mudanças climáticas em curso".