Município moçambicano de Quelimane lidera `ranking` de cidades cicláveis em África
Uma avaliação internacional colocou o município moçambicano de Quelimane como líder das cidades cicláveis em África, com o autarca local, Manuel de Araújo, a considerar ser a realização de um "sonho", perspetivando chegar a dez quilómetros de ciclovias.
"Esse sempre foi o nosso sonho. Nós já éramos a capital da chamada mobilidade ativa ou do uso da bicicleta em Moçambique e há alguns anos nós traçámos como meta transformarmo-nos na capital de África. Então, este anúncio, para nós, é a realização e a materialização de um sonho", disse hoje à Lusa Manuel Araújo.
Em causa está a distinção atribuída a Quelimane, autarquia da capital provincial da Zambézia, centro de Moçambique, pelo Copenhagenize Index 2025 - EIT Urban Mobility Edition, organismo que faz parte da União Europeia e avalia e classifica as cidades mais amigáveis para o uso de bicicletas no mundo, tendo analisado 100 cidades de 44 países, entre os países africanos.
Ocupando o primeiro lugar do `ranking` das cidades cicláveis no continente - 83.º lugar a nível mundial -, que incluem também Kisumi e Nairobi, no Quénia, e Adis Abeba, capital da Etiópia, o autarca, que lidera Quelimane desde 2012, afirmou que o marco é resultado de esforços e políticas desenvolvidas localmente, além dos investimentos feitos para promoção e garantia de maior segurança "àqueles que preferem a utilização (...) da chamada mobilidade ativa".
O município também assumiu em janeiro do ano passado o título de primeira Cidade Africana do Desporto, altura em que o autarca Manuel de Araújo já pensava também no de "capital da bicicleta" no continente, prometendo construir mais ciclovias.
O autarca lembrou que os primeiros três quilómetros de ciclovia foram construídos há cerca de quatro anos no município, com um investimento de 23 mil euros pelo Fundo do Ambiente de Portugal. Pela implementação "muito positiva" do projeto, a autarquia recebeu um adicional de mais de 23 mil euros, explicou.
"Portanto, nós conseguimos esses três quilómetros de ciclovia e a partir desses nós apresentámos uma proposta para um plano de mobilidade urbana a uma instituição. Nós concorremos a uma instituição chamada Bloomberg Philanthropies", explicou, acrescentado que, do concurso naquela organização fundada pelo antigo `mayor` de Nova Iorque, Michael Bloomberg, Quelimane conseguiu um apoio financeiro de 400 mil dólares (347,2 mil euros) para a requalificação urbana.
Com o financiamento, o autarca assinalou haver agora obras para a construção de mais cinco quilómetros de ciclovias, aumentando o número de pistas cicláveis para oito: "nós esperamos que até fevereiro consigamos os oito quilómetros e até ao fim do próximo ano esperamos poder conseguir mais recursos para podermos chegar à nossa meta, que são os dez quilómetros de ciclovia".
Apontou ainda que a liderança de Quelimane em África dá "maior visibilidade" ao município, o que, frisou, vai abrir mais portas e possibilitar a implementação do circuito da ciclovia no pacote de promoção turística do município.
"Portanto, essa é exatamente aquela que é a nossa visão, não só trabalhar para a segurança e uma melhor mobilidade dos munícipes da cidade de Quelimane, mas também temos em vista a ciclovia, a mobilidade ativa como um atrativo turístico", acrescentou.
Também Lisboa, Portugal, integra o lote das 100 melhores cidades cicláveis no mundo, ocupando o 66.º lugar no `ranking` liderado pela cidade de Utrecht, capital dos Países Baixos, este ano, segundo o relatório, conhecido recentemente.
Manuel de Araújo recebeu em 07 de dezembro de 2023, em Bruxelas, o título para Quelimane de Cidade Africana do Desporto 2024, pela Associação das Cidades Europeias do Desporto (ACES Europe).