Musk compra Twitter por 41 mil milhões de euros

O homem da Tesla e da empresa aeroespacial SpaceX soma o Twitter ao reinado e torna-se "monarca absoluto" da rede social mais influente do mundo. A compra fez disparar o preço das ações em bolsa mas Elon Musk afirmou que o negócio não se trata de "economia", trata-se de poder e influência. Musk tem planos para implementar a "Liberdade de expressão" sem qualquer moderação na rede. Essa medida já dividiu opiniões.

RTP /
Dado Ruvic - Reuters

Elon Musk confirmou na tarde de segunda-feira, dia 25 de abril a compra da rede social Twitter. Musk vai investir 41,14 mil milhões de euros na plataforma tornando-se o proprietário maioritário da rede.

A transação que mudará o controle da plataforma com 16 anos, frequentada por milhões de usuários e líderes mundiais, para as mãos da pessoa mais rica do mundo está a levantar preocupações sobre a regulação do fluxo de informação.

"A liberdade de expressão é a base de uma democracia em funcionamento, e o Twitter é a praça da cidade digital onde são debatidos assuntos vitais para o futuro da humanidade", observou Musk em comunicado.

O empresário quer implementar diversas mudanças na plataforma digital nomeadamente retirar as restrições de conteúdo. Defende que a política de bloquear utilizadores não se enquadra na manutenção da liberdade.

"O Twitter tem um tremendo potencial - estou ansioso para trabalhar com a empresa e a comunidade de usuários para desbloqueá-lo", acrescentou o gestor.
Trump e Bolsonaro
As notícias da aquisição e a implementação de um regime com menos moderação e permissível à reintegração de indivíduos proibidos foram aplaudidas pela direita nos EUA.

Musk abre assim portas para o regresso de Donald Trump à plataforma. Para já, Trump fez saber que não tem planos de voltar a juntar-se ao Twitter e que prefere usar a sua rede social Truth Social (Verdade Social), disse à Fox News: "Não vou para o Twitter, vou ficar na Verdade".

Do Brasil, chegam manifestações de apreço pelo negócio. Aliados do presidente Jair Bolsonaro falam em derrota da esquerda mundial " que deseja calar vozes dissonantes". Bolsonaro está ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro por difundir informações falsas sobre a covid-19.

Se os conservadores aplaudiram a perspectiva de menor controlo, alguns ativistas de direitos humanos expressaram receio de um aumento do discurso de ódio.
Proliferação de discursos de ódio
A tradição de remover contas por violar padrões de conteúdo, incluindo violência, discurso de ódio ou desinformação prejudicial parece ficar suspensa e o Twitter poderá ser inundado por mensagens extremistas.

"Senhor. Musk: a liberdade de expressão é maravilhosa, o discurso de ódio é inaceitável. Desinformação, desinformação e discurso de ódio NÃO TEM LUGAR no Twitter", disse a Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor (NAACP), um grupo de defesa dos direitos civis dos EUA, em comunicado.

A Casa Branca não quis comentar a aquisição, mas a porta-voz Jen Psaki adiantou aos repórteres: "Não importa quem possui ou administra o Twitter, o presidente há muito se preocupa com o poder das grandes plataformas de redes sociais".

Parag Agrawal, o ainda líder da empresa, disse não ter confiança na administração, perante o negócio com Musk e sublinhou que o futuro do Twitter é incerto.

"Assim que o negócio for fechado, não sabemos em que direção a plataforma irá", disse ele, segundo a agência de notícias Reuters.

Embora os valores do homem mais rico do mundo não estarem de acordo com a cultura empresarial da rede social, o dinheiro falou mais alto.

Bret Taylor, presidente do conselho da rede, declarou que fez a avaliação da oferta de Musk e afirmou ser "o melhor caminho a seguir para os acionistas do Twitter".

Elon Musk é presidente-executivo da Tesla, fabricante de carros elétricos, que representa uma ameaça aos negócios das produtoras de petróleo. Também é o fundador e administrador da SpaceX, empresa voltada para o transporte aeroespacial que leva turistas a passearem três dias no espaço. Musk é a pessoa mais rica do mundo e conta com um património líquido estimado em 255,8 mil milhões de euros, de acordo com a revista Forbes.

Musk tem conta ativa no Twitter desde 2009 e reúne mais de 84 milhões de seguidores no perfil na rede social. Tem por hábito escrever declarações incendiárias, comentários polémicos sobre negócios ou outras personalidades e usa a plataforma para fazer todo o tipo de anúncios. Já foi proibido de twittar sobre assuntos da Tesla e alvo de processos por difamação.
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