Uma organização não-governamental birmanesa indicou que o número de mortos em Myanmar (antiga Birmânia) aumentou para 510, devido à violência militar e policial contra manifestantes em protesto contra o golpe de 1 de fevereiro.
Num relatório citado pela agência de notícias France-Presse (AFP), a ONG disse ter verificado a morte de pelo menos 510 pessoas, incluindo estudantes e adolescentes, indicando que o balanço "é provavelmente mais elevado".
Apesar da repressão, os manifestantes voltaram a sair às ruas na segunda-feira, dia em que foram mortas 14 pessoas, segundo a organização.
Na segunda-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou a violência "absolutamente inaceitável" registada em Myanmar no último fim de semana, o mais sangrento desde o golpe militar.
A ONU estima que pelo menos 107 pessoas morreram, incluindo sete crianças, no último sábado, durante manifestações pró-democracia que coincidiram com o tradicional "Dia das Forças Armadas", celebrado tradicionalmente como uma demonstração de força por parte dos militares e que culminou numa grande parada em Naypyidaw, a capital administrativa do país.
As declarações de Guterres surgiram no mesmo dia em que foi divulgado que o Reino Unido pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU (o órgão máximo das Nações Unidas) sobre Myanmar para a próxima quarta-feira.
Os 15 membros do Conselho de Segurança vão iniciar a sessão, que vai decorrer à porta fechada, com um "briefing" sobre a situação naquele país pela enviada da ONU, Christine Schraner Burgener, segundo indicaram fontes diplomáticas, citadas pelas agências internacionais.
A situação vivida em Myanmar tem suscitado a condenação da comunidade internacional e desencadeado sanções visando a junta militar birmanesa.
Os Estados Unidos, Reino Unido (antiga potência colonial) e União Europeia (UE) decretaram sanções visando altas patentes das forças armadas birmanesas.
Os militares tomaram o poder em 1 de fevereiro por alegadas fraudes nas eleições de novembro passado, vencidas pelo partido de Aung San Suu Kyi.
A prémio Nobel da Paz foi deposta pelos militares e detida, juntamente com grande parte do governo civil.
Desde o golpe, a junta militar já prendeu mais de três mil pessoas.