Na Alemanha, deputado recebia indevidamente salário da Volskswagen

Um deputado federal do principal partido do governo, o SPD, demitiu-se hoje na sequência da publicação pela Volkswagen de uma lista de parlamentares que continuam a receber salário de funcionários da empresa.

Agência LUSA /

Ao contrário de outros cinco nomes da lista publicada na quinta-feira, Jann-Peter Janssen negou que recebia ainda salário da Volkswagen sem prestar quaisquer serviços à empresa, o que um porta- voz da Volkswagen entretanto desmentiu.

A demissão de Janssen foi divulgada sexta-feira à tarde num comunicado subscrito pelo próprio, e enviado pela Secção do SPD do seu círculo eleitoral, em Weser-Elms (Baixa-Saxónia).

Numa declaração feita ainda na quinta-feira, o deputado social- democrata tinha afirmado peremptoriamente que já não recebia qualquer salário da Volkswagen desde 1994, ano em que foi eleito para o Parlamento Federal.

Vários meios de comunicação alemã apuraram, no entanto, que o seu salário foi pago pelo consórcio automóvel de Wolfsburgo até Dezembro de 2004, o que a própria Volkswagen hoje confirmou.

Fontes da direcção nacional do SPD consideraram entretanto que a posição de Janssen se tinha tornado insustentável, e pouco depois o deputado apresentou a sua demissão.

"Houve interpretações diferentes da questão, e não quero sobrecarregar mais a minha família e o meu partido com especulações sobre os meus rendimentos", disse o deputado na carta de despedida.

Deputado discreto, que inclui a segunda linha do SPD, Janssen foi presidente do Conselho de Empresa da fábrica da Volkswagen em Emden (Baixa-Saxónia) de 1982 a 1994, ano em que entrou para o Bundestag, onde ultimamente era presidente da Comissão Parlamentar do Turismo.

A Volkswagen foi pressionada para publicar a lista com os nomes dos portadores de cargos públicos a quem estava a pagar salários depois do caso que levou à demissão do secretário-geral dos democratas- cristãos (CDU), Laurenz Meyer, no mês passado.

Meyer recebeu indevidamente cerca de 80 mil euros da firma onde trabalhava antes de se dedicar inteiramente à vida política, o consórcio energético RWE.

O problema dos rendimentos adicionais dos deputados tem estado a gerar grande polémica na Alemanha no início deste ano, e o presidente do Parlamento Federal, Wolfgang Thierse, já admitiu que pode ser necessário rever o código que rege a actividade dos representantes do povo.

Hoje mesmo, a RWE revelou que, nos últimos anos pagou, em média, mais de 600 mil euros a indivíduos com cargos públicos, sem indicar nomes dos beneficiários.

Vários políticos de diversos quadrantes exigiram também que a Volkswagen publique a lista completa dos deputados ou ministros que, nos últimos 15 anos, receberam salários da empresa, apesar de já não trabalharem.

A Volkswagen informou que a directiva do Conselho da Administração que autorizou que se continuassem a pagar salários aos dignitários públicos que abandonaram a firma vigorava desde 1990, mas será agora abolida.

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