Na China o fosso entre pobres e ricos maior do que números oficiais
A disparidade de rendimentos entre os novos ricos chineses e os que ficaram para trás nas duas décadas de reformas capitalistas é maior do que revelam os números oficiais, segundo um especialista citado hoje por um jornal local.
"Os resultados das minhas pesquisas mostram que a desigualdade dos rendimentos é ainda pior do que a dos números oficiais", referiu Li Shi, investigador da Academia de Ciências Sociais Sociais da China, ouvido pelo China Daily.
A disparidade de rendimentos no país mais populoso do mundo é na ordem dos 0,3 em 2004, segundo a tabela do governo.
Especialistas como Li Shi dizem, todavia, que o fosso ao nível dos rendimentos é acima dos 0,4 - um valor considerado alarmante a nível internacional.
O especialista chinês dá vários exemplos para defender a tese de que a disparidade de rendimentos na China é, pelo menos, quatro vezes mais e não três vezes como o governo estima.
As famílias urbanas consideradas ricas, que equivalem a 10 por cento da população, têm rendimentos oito vezes superiores aos rendimentos das famílias urbanas mais pobres.
Por outro lado, nas cidades, 60 por cento da população urbana tem rendimentos abaixo da média nacional e nos meios rurais Li estima que esta percentagem seja muito maior.
O crescente fosso ao nível dos rendimentos é mais alarmante entre os meios rurais e urbanos, refere Li.
Em 2004, os rendimentos anuais por pessoa no campo, onde vivem dois terços dos 1,3 mil milhões de chineses, foram de 2.936 yuans (272 euros), mais 6,8 por cento do que no ano anterior.
Nas cidades, os rendimentos anuais per capita foram na ordem dos 9.422 yuans (873 euros), registando um aumento de 7,7 por cento.
Para o investigador, a actual situação deve ser resolvida com uma política fiscal mais activa que ajude a equilibrar os rendimentos entre ricos e pobres.
"É preciso fazer com que os que auferem maiores rendimentos paguem mais impostos através de uma melhoria da política de impostos e do combate à evasão fiscal", defende Li.
O governo reforçou a luta contra a evasão fiscal, mas está fora dos planos do executivo aumentar impostos sobre o rendimento, porque tal "não encorajaria" o "espírito empreendedor" promovido pelas autoridades centrais, referiu fonte governamental citada pelo jornal.