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Nacionalistas bascos apoiam moção de censura contra Rajoy

por RTP
O Congresso dos Deputados vota amanhã a moção de censura que deverá ditar a destituição do presidente do Governo espanhol Sergio Perez - Reuters

O Partido Nacionalista Basco (PNV) anunciou esta quinta-feira que vai votar a favor da moção de censura contra o chefe do executivo espanhol. Ainda que se trate de uma força política com apenas cinco deputados, estes votos garantem uma maioria no Congresso dos Deputados que deverá consumar a destituição do Governo de Madrid já esta sexta-feira.

As horas de Mariano Rajoy à frente do Governo de Espanha parecem estar contadas após a declaração de apoio por parte dos nacionalistas bascos à moção de censura do PSOE. Será o fim de um Governo eleito há quase dois anos e a saída de cena do líder do PP, que preside ao executivo espanhol desde 2011.

“Acreditamos que estamos a responder como a maioria dos bascos deseja e que estamos a cumprir com a nossa responsabilidade ao votar sim [na moção de censura]”, disse esta tarde o porta-voz do PNV, Aitor Esteban.
A votação da moção de censura está marcada para esta sexta-feira às 14h00 locais (13h00 em Portugal Continental).

A moção em causa, apresentada pelo Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), prevê não só a destituição do atual Governo do Partido Popular (PP), mas também a substituição imediata de Mariano Rajoy pelo líder dos socialistas espanhóis.

Pedro Sánchez conta com 84 votos da sua bancada, muito longe dos 176 votos necessários em 350 possíveis (metade mais um) para aprovar a moção, mas nos últimos dias conseguiu garantir o apoio do Podemos (64 deputados), dos catalães independentistas ERC e PDeCAT (9 e 8 deputados, respetivamente), e ainda de pequenos partidos como o Compromis (4) o EH Bildu (2) e o Nueva Canarias (1).

Agora, com o voto dos cinco deputados dos nacionalistas bascos, a moção deverá reunir um total de 180 votos a favor.

O Congresso dos Deputados já discute a moção esta quinta-feira, mas a votação decisiva só decorre na sexta-feira. Apenas o PP (134 deputados), Ciudadanos (32), UNP (2) e Foro Asturias (1) votam contra o documento.
Rajoy não se demite
Já depois da confirmação do partido nacionalista basco, o Palácio da Moncloa, sede da Presidência do Governo de Espanha, veio garantir que Mariano Rajoy não vai apresentar a sua demissão.


Segundo o jornal El País, o atual governante esgrime como argumentos que "não fez nada de mal" e que apenas retirou Espanha "da ruína".

No plenário desta tarde, o chefe do Governo espanhol confirmou durante a sua intervenção que não se demitiria esta quinta-feira e que aguardaria pelo resultado da votação de amanhã.

"Um dirigente demite-se quando perde o apoio dos cidadãos ou do Congresso, e eu tenho o apoio dos cidadãos e, neste momento, o apoio do Congresso", reiterou Mariano Rajoy.

O líder do Governo espanhol refere ainda que Sánchez "não está em condições de formar um Governo estável".

"Não tem uma ideia de país, não tem resposta para os desafios que Espanha enfrenta e não deveria querer ser presidente do Governo, porque nunca ganhou eleições", disse Mariano Rajoy.


A moção de censura apresentada na última sexta-feira pelo PSOE surgiu na sequência do “caso Gurtel”. A sentença foi conhecida há uma semana e condenou vários antigos membros do PP, de Mariano Rajoy, por corrupção, sendo que o próprio partido foi condenado ao pagamento de uma multa de 245 mil euros.

A justiça entende que o partido beneficiou um esquema ilegal usado para conceder contratos públicos a empresas em troca de dinheiro.

Na visão dos socialistas que sustenta esta moção, o executivo minoritário que saiu das eleições de junho de 2016 perdeu a credibilidade e a confiança dos cidadãos para se manter em funções.

Mariano Rajoy não está envolvido diretamente neste caso de corrupção que abalou a política em Espanha, mas os críticos dos atual Governo argumentam que o líder do Governo de Madrid terá sido condescendente com o esquema de corrupção ao longo dos vários anos de liderança no Partido Popular.
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