Navio atravessou o Ártico pela primeira vez sem ajuda do quebra-gelo

por RTP
Reuters

Um navio russo bateu o recorde de velocidade ao passar pelo Ártico. As alterações climáticas naquela zona do globo possibilitaram a travessia. Os ambientalistas já demonstraram alguma preocupação com o avanço do degelo.

O navio Christophe de Margerie realizou, pela primeira vez, a travessia entre a Europa e a Ásia através do Ártico sem ter o apoio do quebra-gelo. Este feito fez com que fosse estabelecido um recorde de velocidade nesta rota, agora mais acessível, tudo por causa do aquecimento global que fragilizou o gelo naquela zona do globo.

O navio, concebido para transportar gás natural liquefeito, transportou a mercadoria desde a Noruega até à Coreia do Sul em 19 dias, aproximadamente 30% mais rápido que o transporte convencional por aquela rota.

E foi o primeiro a percorrer a rota do Norte sem ser assistido por uma escolta que remove o gelo do caminho. Nesta viagem, o novo navio usou apenas o quebra-gelo incorporado para passar pelo gelo com mais de um metro de espessura.

De acordo com o porta-voz da empresa do navio, Bill Spears, a travessia foi “muito rápida, principalmente por não haver uma escolta como aconteceu noutras viagens”. “É muito interessante o navio poder fazer a rota o ano inteiro”, acrescentou Spears.

Apesar de os ambientalistas terem demonstrado alguma preocupação em relação ao tráfego de embarcações naquela zona do Ártico, Spears realçou que o Christophe de Margerie pode utilizar como combustível o gás que transporta e reduzir as emissões de óxido sulfúrico e de óxido nitroso em 90% e 80%, respetivamente. “Isto é um fator significativo quando falamos deste frágil ecossistema”, disse Spears.

O tráfego naquela zona sempre existiu, mas muitas vezes era restrito por causa do gelo. Uma rota importantíssima porque é uma alternativa muito mais curta ao trajeto pelo Canal de Suez.

Simon Boxall, oceanógrafo na Universidade de Southampton, disse que as companhias de transporte marítimo estão a fazer uma “jogada segura” ao construírem navios em antecipação à abertura da rota marítima do norte. “Mesmo que parássemos as emissões de CO2 amanhã, a aceleração na perda do gelo do Ártico não será revertida”, afirmou.

“A ironia desta situação é que as mudanças climáticas permitirão ao navios usarem menos combustível para atravessarem o Pacífico”, acrescentou Boxall.
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