Navio USS Milius. China acusa Estados Unidos de violação de águas territoriais

por Cristina Sambado - RTP
Ministério da Defesa do Japão via Reuters

As Forças Armadas da China anunciaram ter expulsado um navio de guerra norte-americano que terá “entrado ilegalmente” em águas territoriais chinesas perto das ilhas Paracel. Os Estados Unidos já negaram as alegações de Pequim, afirmando que o USS Milius tem estado a conduzir “operações de rotina” no Mar da China Meridional.

Na quinta-feira, os militares chineses afirmaram que contratorpedeiro USS Milius invadiu ilegalmente águas territoriais da China, sem a autorização do Governo, minando a paz e a estabilidade numa zona de intensa navegação.

As forças navais e aéreas foram mobilizadas para localizar e controlar o navio, bem como para emitir um aviso e obrigá-lo a abandonar a área”, afirmou Tian Junli, porta-voz do exército chinês na área.

Segundo Pequim, “a força mantém um elevado estado de alerta em todos os momentos e tomará as medidas necessárias para salvaguardar a soberania e segurança nacional, a paz e estabilidade no Mar do Sul da China”.

A marinha dos EUA já veio afirmar que “a declaração da RPC (República Popular da China) é falsa”.

“O USS Milius está a conduzir operações de rotina no Mar do Sul da China e não foi expulso. Os Estados Unidos continuarão a voar, navegar e operar onde o Direito Internacional o permitir”, declarou a 7ª frota da marinha dos EUA.

“Os EUA defendem a liberdade de navegação para todas as nações como um princípio. Enquanto alguns continuarem a reivindicar e a afirmar aos direitos que excedem a sua autoridade ao abrigo do direito internacional, os Estados Unidos continuarão a defender os direitos e liberdades do mar”, acrescentou.

Nos últimos dias, foram confirmados vários exercícios da marinha dos EUA na região leste asiática, incluído no Mar da China Oriental, no Mar das Filipinas e no Mar da China Meridional.

Os Estados Unidos têm estado a reforçar alianças na Ásia-Pacifico, numa tentativa de contrariar a assertividade marítima da China, incluindo no Estreito de Taiwan, enquanto Pequim tenta avançar com as suas reivindicações territoriais.

O incidente tem como pano de fundo uma luta de influência entre Pequim e Washington em diferentes arenas - Taiwan, TikTok, tratamento da minoria Uighur e trocas comerciais. Arquipélago de sete quilómetros quadrados
As Ilhas Paracel, um arquipélago situado a equidistância das costas chinesas e vietnamitas, são disputadas entre Pequim e Hanói. A marinha chinesa recuperou o controlo de todas as ilhas em 1974 na sequência de um conflito naval.

A China afirma ter sido o primeiro país a descobrir e nomear as ilhas do Mar da China Meridional, uma zona onde passa uma grande parte do comércio entre a Ásia e o resto do mundo.

Pequim reivindica grande parte das ilhas nessa zona marítima. Mas outras nações costeiras - Filipinas, Vietname, Malásia e Brunei - têm reivindicações concorrentes de soberania.

Cada país controla várias ilhas e atóis, particularmente no sul do arquipélago de Spratly, onde os incidentes diplomáticos são mais frequentes do que nas Paracel.
Tópicos
pub