Netanyahu fecha acordo de governo em Israel com promessa de novas ocupações

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
Ammar Awad - Reuters

Benjamin Netanyahu já comunicou ao presidente israelita o acordo para um novo governo entre o seu partido Likud e duas formações sionistas e ultraortodoxas naquele que será o sexto mandato como primeiro-ministro à frente do executivo mais à direita de sempre. As negociações para a coligação arrastaram-se por muitas semanas, devendo implicar cedências de Netanyahu no alargamento dos colonatos, segundo o Jerusalem Post.

Com uma maioria de 64 dos 120 lugares do Knesset, Benjamin Netanyahu e parceiros de coligação propõem aos israelitas o governo mais à direita de que há memória no país. A coligação foi comunicada por Netanyahu ao presidente Isaac Herzog com um telefonema esta noite em cima do prazo.

“Quero anunciar que, fruto do incrível apoio público que tivemos nas eleições, consegui formar um governo que vai cuidar de todos os israelitas”, anunciou Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro designando.

Após semanas de negociações duras, a formação liderada pelo Likud apresenta-se - quase dois meses depois das eleições de 1 de novembro - como o governo mais à direita de sempre no país.

Trata-se de uma coligação ainda pendente de um processo negocial com os parceiros ultraortodoxos e de extrema-direita que, segundo Netanyahu, deverá ser fechado nos próximos dias, possivelmente “na próxima semana”. O Likud, com 32 assentos no Parlamento, estará, de qualquer forma, refém dos ultraortodoxos (18 lugares) e da aliança Sionismo Religioso (14), composição de partidos de extrema-direita abertamente homofóbica e anti-árabe.


Em cima da mesa deverão ainda estar os colonatos e a expansão da ocupação nos territórios palestinianos da Cisjordânia. A este dossier junta-se o cenário de reforço dos poderes do Knesset com possibilidade de o Parlamento poder vir a poder reverter decisões do Supremo Tribunal, um ponto relativamente ao qual a oposição tem vindo a manifestar preocupação.

De acordo com o Jerusalem Post, o novo executivo de Netanyahu estará aberto a avançar para a legalização de novos colonatos, decisão sensível para o poder em Washington. Acresce a possibilidade de o futuro governo vir a transferir a autoridade sobre a vida civil israelita na Área C da Cisjordânia do IDF (Forças Armadas israelitas) para ministérios da nova coligação.

Será com estas cedências que Netanyahu se prepara, após 15 anos no poder e vários processos de corrupção que o envolvem a si e ao seu núcleo familiar, para regressar à liderança do país.
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