No Canadá candidato conservador deverá pôr fim a 12 anos de poder liberal
Os canadianos elegem segunda- feira um novo primeiro-ministro, com todas as sondagens a darem a vitória ao conservador Stephen Harper, que porá assim fim a 12 anos de poder liberal, embora sem maioria absoluta.
O ligeiro desgaste da imagem do líder conservador na fase final da longa campanha eleitoral de 55 dias, patente nas mais recentes sondagens, não deverá impedir a sua eleição, mas poderá ser insuficiente para conseguir uma maioria parlamentar.
Demonstrativa desta tendência é a análise da Strategic Counsel que há poucos dias dava a Harper 42 por cento - indicando um possível governo maioritário - mas cujo barómetro diário, a um dia do escrutínio, lhe atribuía 37 por cento das intenções de voto.
Já o seu maior opositor, Paul Martin, o primeiro- ministro liberal em fim de mandato, ganhava um pequeno fôlego, para 27 por cento.
A ligeira queda do líder conservador nas projecções é observada igualmente pela SES Research, que lhe confere 36 por cento dos votos, o que deixa pressupor a necessidade da procura de apoios, caso a caso, numa câmara onde não disporá de aliados naturais.
Os dois outros partidos representados na Câmara dos Comuns, o Novo Partido Democrático (NPD, esquerda) e os independentistas do Bloco do Quebeque - que apenas apresenta candidatos na província francófona - aumentaram os ataques contra os conservadores nos últimos dias.
Harper tem sido alvo de fortes ataques principalmente por parte de Paul Martin e do líder do Bloco do Quebeque, Gilles Duccepe, nas duas maiores províncias eleitorais do país - Ontário e Quebeque - onde são eleitos 60 por cento dos 308 parlamentares da Câmara dos Comuns.
Conservadores e liberais estão praticamente empatados no Ontário, enquanto no Quebeque o partido de Harper perdeu força no final da semana, com as previsões a darem-lhe 24 por cento na província francófona, o que será, ainda assim, um aumento significativo face ao resultado que obteve nas legislativas de Junho de 2004 (nove por cento).
As legislativas federais de segunda-feira foram convocadas após a queda do governo minoritário de 17 meses chefiado por Paul Martin, provocada por uma moção de censura parlamentar votada unanimente pela oposição a 28 de Novembro de 2005.
Na origem desta moção esteve o chamado «escândalo dos patrocínios», um caso de uso fraudulento de dinheiros públicos pelo governo liberal entre 1997 e 2003, submetido a inquérito para apuramento de responsabilidades.
Paul Martin foi ilibado de culpas, mas a oposição exigiu a realização imediata de eleições, e Harper, em particular, não se cansa de lembrar que a manutenção dos liberais no poder significaria a continuação "dos escândalos e dos esforços para os esconder".
O primeiro-ministro cessante argumenta que Stephen Harper pretende impor no país um conservadorismo social inspirado na extrema-direita americana.
Entre os 1.634 candidatos a estas eleições federais concorrem sete luso-canadianos - cinco pelo Ontário, um pelo Quebeque e outro pela Columbia Britânica.
Mário Silva (Partido Liberal), Theresa Rodrigues (Partido Conservador), Paul Ferreira (Novo Partido Democrático - NPD), Carl DeFaria (Partido Conservador) e Elaine Couto (Partido Marxista-Leninista do Canadá) vão a votos em diversos círculos eleitorais do Ontário.
Carlos de Sousa (Partido Conservador) é a estreia portuguesa na província do Quebeque e Keith Martin (Partido Liberal) quer ser reeleito por uma circunscrição na Columbia Britânica.
Presentemente, há dois deputados de origem portuguesa em Otava: o português Mário Silva e o luso-descendente Keith Martin.
Dos 23 milhões de eleitores, milhares foram já às urnas entre os dias 13 e 15, em virtude da lei que permite um processo de votação por antecipação na semana anterior ao escrutínio.