Normalização entre Israel e Arábia Saudita seria traição à Palestina

por Lusa

O Presidente iraniano, Ebrahim Raissi, advertiu na quarta-feira à noite, em Nova Iorque, que qualquer normalização das relações entre Israel e a Arábia Saudita seria uma traição à causa palestiniana.

"Acreditamos que uma relação entre os países da região e o regime sionista seria uma punhalada nas costas do povo palestiniano e da resistência palestiniana", declarou Ebrahim Raissi numa conferência de imprensa à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, após ter sido questionado sobre a aproximação entre Israel e a Arábia Saudita.

O Presidente iraniano sublinhou que "iniciar uma relação entre o regime sionista e qualquer regime da região com o objetivo de trazer segurança a esse regime sionista não cumprirá obviamente esse objetivo".

Contudo, saudou a "relação em desenvolvimento do Irão com a Arábia Saudita".

Os dois adversários e rivais históricos no Golfo - a monarquia sunita saudita e a República Islâmica xiita iraniana - iniciaram uma surpreendente normalização das relações na primavera, sob a égide da China.

Na quarta-feira, o príncipe herdeiro da Arábia Saudita disse, numa rara entrevista, que as negociações sobre Israel significam que estão cada vez mais perto as perspetivas de normalização das relações entre os dois países.

Na entrevista concedida à Fox News, contudo, Mohammed bin Salman sublinhou que o tratamento dos palestinianos continua a ser uma questão "muito importante" a resolver.

A Arábia Saudita está a discutir um acordo com os Estados Unidos para normalizar as relações com Israel em troca de um pacto de defesa norte-americano e de ajuda no desenvolvimento do programa nuclear civil saudita.

Mohammed bin Salman também negou notícias de que as negociações tinham sido suspensas, garantindo: "Todos os dias, estamos mais perto".

Bin Salman foi também questionado sobre a possibilidade de o Irão vir a construir uma arma nuclear. "Estamos preocupados com a possibilidade de qualquer país obter uma arma nuclear". E, se o Irão a obtiver, a Arábia Saudita procurará fazer o mesmo, afiançou.

A Arábia Saudita fez grandes progressos no sentido de pôr fim à guerra devastadora com os huthis apoiados pelo Irão no Iémen, recebendo esta semana uma delegação dos rebeldes em Riade.

O país liderou o regresso da Síria à Liga Árabe e, em março, aceitou um acordo mediado pela China para restabelecer relações diplomáticas com o Irão, principal rival regional.

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