Noroeste do Paquistão a ferro e fogo com ataques da guerrilha taliban

O Exército e forças paramilitares do Paquistão envolveram-se esta sexta-feira em combates com grupos de rebeldes islamistas em Mohmand, uma das regiões tribais do noroeste do país, sobre a linha de fronteira com o Afeganistão. Cinco postos de controlo do Corpo de Fronteira foram atacados por combatentes taliban, numa ofensiva que se saldou em pelo menos 11 mortos entre os efectivos paquistaneses e outros 24 entre a guerrilha.

RTP /
Mohmand é hoje um dos principais pontos de passagem de rebeldes islamistas entre o Paquistão e o Afeganistão Akhtar Gulfam, EPA

Os ataques, adiantou em conferência de imprensa o responsável pela administração de Mohmand, Amjad Ali Khan, foram desencadeados às primeiras horas da madrugada por “cerca de 150” guerrilheiros taliban. A ofensiva varreu cinco postos de controlo da guarda paramilitar que controla a fronteira com o Afeganistão na localidade de Baidnami. Na resposta à acção dos rebeldes, o Corpo de Fronteira contou com o apoio de helicópteros do Exército, que bombardearam presumíveis refúgios dos taliban na região.

Segundo as autoridades de Mohmand, uma das sete regiões tribais do noroeste do Paquistão, foram abatidos 24 islamistas. O número de baixas entre as forças paquistanesas foi entretanto actualizado para 11 operacionais, na sequência de um primeiro balanço que apontava para três mortos. No flanco da guerrilha, os números são outros. Em declarações à BBC, um porta-voz dos taliban garantiu que apenas dois rebeldes foram abatidos e que dois soldados paquistaneses foram feitos prisioneiros.

Mohmand é hoje um dos principais pontos de passagem de rebeldes islamistas entre o Paquistão e o Afeganistão. É também um dos bastiões da al Qaeda. No início do mês, um duplo atentado suicida contra instalações governamentais em Ghalanai, a maior cidade da região, provocou 43 mortos. As explosões ocorreram no momento em que um grupo de responsáveis locais dava início a conversações com líder tribais para a formação de uma milícia contra a guerrilha.

Pressão sem quartel
A maior parte dos ataques lançados nos últimos meses assolou a região tribal do Waziristão do Norte. É aí que está entrincheirado o estado-maior do Movimento dos Taliban do Paquistão (TTP), conotado com a organização terrorista de Bin Laden. Foi este grupo que, no Verão de 2007, decretou a jihad (guerra santa) ao Governo central, condenando o alinhamento de Islamabad com a “guerra contra o terrorismo” da Administração norte-americana.

É ao TTP que as autoridades atribuem a autoria de quase todos os 420 atentados que fizeram cerca de quatro mil vítimas mortais no Paquistão nos últimos três anos. Mas o Waziristão do Norte é também a casa da cúpula do ramo Aqqani, um grupo de combatentes taliban afegãos ligados aos serviços secretos do Paquistão.

Islamabad tem vindo a ser pressionada, a partir de Washington, para lançar uma nova ofensiva terrestre em ampla escala no Waziristão do Norte. Na apresentação de um relatório estratégico sobre o Paquistão e as operações militares no vizinho Afeganistão, em meados de Dezembro, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, considerava “insuficientemente rápidos” os progressos do Exército paquistanês na eliminação de redutos extremistas.
Tópicos
PUB