Nova Muxima em Angola fica pronta em 2017
Muxima, Angola, 05 jun (Lusa) - A nova Muxima, maior centro mariano da África subsaariana em termos de afluência e que representa o sincretismo religioso em Angola, fica concluída em 2017, disse hoje à Lusa o autor do projeto, o arquiteto português Júlio Quaresma.
Os projetos de construção da basílica e da nova cidade foram apresentados terça-feira a 11 empresas, entre as quais as portuguesas Mota Engil, Soares da Costa, Somague e Teixeira Duarte e a brasileira Odebrecht.
As empresas terão que apresentar as suas propostas até ao próximo dia 11 de julho e o lançamento da primeira pedra deverá coincidir com a tradicional peregrinação de agosto, com as obras a arrancarem em janeiro de 2014.
O anfitrião do encontro que juntou representantes do Governo, das empresas e o autor do projeto, foi o bispo de Viana, Joaquim Ferreira Lopes, que em declarações à Lusa não escondeu a satisfação pela nova Muxima.
"Creio que no continente há muitos santuários, locais de concentração de peregrinos, e alguns significativos, como Yamoussoukro, na Costa do Marfim, mas aqui, na Muxima, já desde o século XVI que as peregrinações se foram realizando, passando depois, mais modernamente, por tempos difíceis de guerra e alguma abstenção, mas logo que a paz chegou, a Muxima explodiu de tal maneira que considero que este santuário deve ser o mais movimentado e frequentado do continente africano", salientou.
Há 41 anos em Angola, Joaquim Ferreira Lopes acredita que nos dias da grande peregrinação se ultrapassam as multidões que afluem a Fátima, em Portugal, ou Lourdes, em França.
"Este santuário, esta basílica que aqui vai ser agora construída, é de facto algo que se impõe. Ela é necessária, ela é exigitiva. O próprio povo, o desenrolar da história da vida deste santuário exige que esta basílica seja feita", acrescentou.
David Cruz, representante da Somague Angola na reunião diz tratar-se de "um desafio muito aliciante".
"Sem estes desafios não se faz desenvolvimento. Toda esta zona vai ter um desenvolvimento brutal, e a região em si, porque isto vai atrair turismo. Vai atrair muita gente. Já atrai com as condições que tem, que são precárias, quanto mais quando há uma basílica com todas as estruturas", frisou.
Situada a cerca de 130 quilómetros de Luanda, no coração da província do Bengo, Muxima ("coração" no dialeto quimbundo), vai ter como marcas distintivas a basílica e a cidade, que ficarão interligadas pela energia que será criada a partir de painéis solares que cobrirão o templo religioso.
O autor do projeto diz que vai ser um projeto de grande envergadura.
"Como diz o senhor bispo, é um mega projeto para Angola, uma terra, um país q está com imensos mega projetos. Mas este é sem dúvida um dos projetos emblemáticos, e portanto é um projeto que gera muitos interesses", sustentou.
Além da basílica, o projeto de Júlio Quaresma contempla a construção da Vila Nossa Senhora da Muxima, obras que depois de concluídas ultrapassarão os 40 milhões de euros calculados quando em 2008, se falou pela primeira vez no projeto.
Cerca de um ano depois, aquando da visita pastoral de Bento XVI a Angola, o Presidente angolano José Eduardo dos Santos mostrou a maqueta ao papa e ofereceu a futura basílica à Santa Sé.
Os dois projetos vão além da religião e a vila ganhará uma escola, esquadra da polícia, centro de saúde, restaurantes, hotéis, zona comercial formal e informal, centro comunitário, parque de campismo, espaços verdes, infraestruturas e ainda uma área agrícola para os habitantes da vila explorarem.
"A Muxima vai ser o primeiro projeto do mundo que vai dar luz física e espiritual a toda uma cidade, porque a cobertura da Catedral é toda ela em painéis solares, que garantem o abastecimento de energia elétrica à cidade envolvente", disse Júlio Quaresma.
Joaquim Ferreira Lopes tem já a certeza de duas coisas: "A Muxima é um ganho e vai ser um sucesso".
"Se o analisarmos, a pente fino, é um mega projeto porque engloba tantas vertentes, tantos vetores que estão a ser respeitados, de modo que só se pode falar na Muxima como um ganho para o povo, aqui local, um ganho para a nação, um ganho para a igreja, um sucesso para todos", concluiu.