Nova vaga de ataques com arma branca agrava tensão em Israel

As autoridades de Jerusalém alargaram a proibição da entrada na Esplanada das Mesquitas a homens palestinianos com menos de 45 anos e reforçaram as medidas de segurança na Cidade Velha, antes das orações muçulmanas de sexta-feira.

Graça Andrade Ramos - RTP /
Mulheres israelitas de guarda numa das entradas da Cidade Velha de Jerusalém olham um homem palestiniano que se aproxima delas, a 9 de outubro de 2015 Baz Ratne - Reuters

Nos últimos dias multiplicaram-se os ataques com arma branca, de palestinianos contra judeus, que provocaram vários feridos.

Esta manhã, um homem judeu esfaqueou quatro "árabes" antes de ser detido pela polícia, num ataque já condenado "firmemente" pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, em comunicado.

Registaram-se pelo menos dois outros ataques, que resultaram em dois feridos graves, e escaramuças na fronteira de Israel com Gaza que fizeram um morto.
Nova Intifada
Para o chefe do Hamas na Faixa de Gaza, Ismaïl Haniyeh, o surto de violência que agitam Jerusalém-leste e a Cisjordânia são uma nova intifada, à semelhança dos levantamentos de 1987 e de 2000.

"Apelamos ao reforço e ao acentuar da intifada", afirmou Haniyeh durante a prédica de sexta-feira numa mesquita de Gaza.

"É a única via que levará à libertação" dos territórios ocupados. "Gaza cumprirá o seu papel da intifada de Jerusalém e está mais do que pronta para o confronto", acrescentou.
Reforço da segurança
As autoridades israelitas preparam-se esta sexta-feira para uma possível repetição dos confrontos que fizeram dezenas de feridos desde o agravar da tensão entre os dois grupos, a 1 de outubro.

Após os confrontos, as autoridades israelitas condicionaram severamente o acesso à chamada Esplanda das Mesquitas durante todo o passado fim-de-semana, a homens palestinianos abaixo dos 50 anos e a mulheres.

Esta sexta-feira reforçaram as medidas de segurança.

"A polícia fez avaliações relativamente às orações de sexta-feira e acrescentou muitos detetores de metal e postos de controlo extra na Cidade Velha, e vai continuar a a acompanhar de perto os bairros árabes", afirmou o porta-voz da polícia Micky Rosenfeld.

Esta sexta-feira ficou já marcada por uma nova vaga de ataques com arma branca que têm caracterizado a semana.
Vários ataques
Um adolescente judeu de 16 anos ficou gravemente ferido anunciou a polícia, acrescentado que foi detido um palestiniano de 18 anos. O ataque deu-se numa rua próxima do grande eixo que separa os bairros judeus ortodoxos dos bairros palestinianos e lugar de inúmeros ataques palestinianos.

Uma mulher foi por seu lado ferida gravemente a tiro depois de apunhalar um guarda de segurança à entrada da gare de autocarros de Afula, no norte de Israel. O guarda ripostou atirando sobre a mulher.

Quatro árabes foram por seu lado apunhalados por um homem judeu, entretendo detido pelas autoridades, de quem já era "conhecido".

Os ataques deram-se na cidade de Dimona. A primeira vítima esfaqueada era um empregado municipal que ficou ligeiramente ferido. A segunda foi apunhalada perto de uma escola. Detalhes dos outros dois ataques não foram revelados, nem as condições das vítimas.

Benjamin Netanyahu condenou os ataques.
Confrontos na fronteira
"O primeiro ministro condena firmemente o ataque contra árabes inocentes", afirmou o comunicado do Governo israelita. "A Justiça perseguirá quem quer que se dedique à violência e viole a lei, qualquer que seja o lado a que pertença", acrescenta o documento emitido pelo gabinete de Netanyahu.

Os edis de Jerusalém e de outras cidades apelaram aos cidadãos com licença de porte de arma a andar com elas, uma iniciativa criticada por vários políticos por convidar à ação de "vigilantes".

Num setor de Gaza que faz fronteira com Israel deu-se ainda esta sexta-feira um tiroteio que resultou na morte de um palestiniano de 20 anos. Ahmed al-Hirbaoui foi abatido quando soldados israelitas ripostaram a tiro ao arremesso de pedras por parte de um grupo de jovens palestinianos a partir de Gaza.

Quatro israelitas foram mortos em esfaqueamentos em Jerusalém e num tiroteio na Cisjordânia na última semana. Outro ataques com arma branca em Jerusalém fizeram vários feridos, incluindo entre os atacantes palestinianos.

Desde 1 de outubro, três palestinianos foram abatidos a tiro e vários feridos em confrontos com as forças de segurança israelitas. O surto de violência foi alegadamente provocado pelo receio por parte dos palestinianos de que Israel tenciona condicionar o acesso de fiéis à Mesquita de al-Aqsa, o terceiro lugar mais sagrado do Islão.

A Mesquita situa-se no Monte do Templo, o local mais sagrado do judaísmo, a que os muçulmanos chamam Nobre Santuário.
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