Nove crianças libertadas em desmantelamento de rede de tráfico infantil

Pequim, 03 Jan (Lusa) - A polícia chinesa desmantelou uma rede de tráfico de menores, libertando nove crianças, com idades entre dois e oito anos, e prendeu dez pessoas acusadas de sequestro, informou hoje a agência estatal chinesa.

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"A quadrilha tinha raptado nove crianças, rapazes, entre os dois e os oito anos de idade, desde Abril, e vendeu-os a famílias rurais", explicou Wang Jianmin, funcionário municipal que informou a agência Nova China acerca da operação policial.

Os traficantes de menores, que operavam na província central de Henan, foram detidos na cidade de Nanyang e eram todos da mesma família.

Ye Zengxi, 55 anos, dirigia a rede de tráfico em que participavam o seu irmão, o seu filho, a sua nora e um sobrinho, um menor de 12 anos, que era usado como "isco" para atrair as crianças com brinquedos e comida, de forma a afastá-las da vista dos pais para serem sequestradas.

Os menores que foram vítimas da rede de tráfico viviam nos distritos de Xichuan e Xixia, e oito deles já tinham sido vendidos a outras famílias.

As máfias de tráfico de crianças na China dedicam-se a vender os filhos rapazes mais velhos a famílias rurais que já não podem ter filhos homens ou que só têm filhas mulheres.

Além do tráfico para exploração laboral e sexual, a sociedade tradicionalista chinesa considera necessário ter uma descendência masculina para poder assegurar o futuro económico da família.

De acordo com a política chinesa do "filho único", em vigor há 30 anos, os pais chineses de zonas rurais estão autorizados a tentar ter um segundo rapaz se o seu filho primogénito for uma rapariga.

Mas o casal está proibido de uma terceira tentativa para ter um filho homem, se o segundo filho também foi uma rapariga.

Em certos casos, as redes de tráfico de crianças também se dedicam ao sequestro e venda de mulheres em zonas rurais, onde a política do filho único já provocou um desequilíbrio de sexos, fazendo com que o número de mulheres seja muito inferior ao dos homens.

No mês passado, as autoridades chinesas apresentaram o primeiro plano à escala do país contra o tráfico de mulheres e menores para 2008, para combater um crime que continua a aumentar na China.

De acordo com o Ministério de Segurança Pública, as autoridades chinesas detectaram 2.500 casos de tráfico ilegal de pessoas no seu território, em 2006.

O objectivo do plano é, até 2012, reduzir o milhão de crianças sequestradas todos os anos para exploração laboral e sexual no maior país asiático.

VZP

Lusa/Fim


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