Novo líder conservador britânico considera que Blair está "preso ao passado"
David Cameron, o novo líder do partido conservador britânico, considerou hoje, na sua primeira sessão de questões na Câmara dos Comuns, que o primeiro-ministro Tony Blair está "preso ao passado".
"Ainda há um dia ele era o futuro do país", afirmou Cameron sobre Blair na sua primeira intervenção, a única nota mais assertiva de uma sessão de questões marcada pelo consenso.
O primeiro-ministro ouviu sem reagir, além do sorriso de circunstância.
Fiel às suas promessas de não fazer oposição sistemática, David Cameron, de 39 anos, jovem deputado desconhecido há apenas seis meses, declarou-se favorável ao projecto de reforma da educação apresentado pelo Governo, prometendo "trabalhar com" Blair para que sejam adoptadas as partes mais interessantes.
No entanto, depois de uma resposta de Blair, numa reflexão nitidamente preparada, Cameron acabou por atacar.
"É apenas a nossa primeira troca de ideias e o primeiro- ministro já me está a questionar. É uma forma de actuar presa ao passado e eu quero falar do futuro. Ainda há um dia ele era o futuro do país", disse o novo líder dos "tories", eleito na terça-feira por larga maioria.
Os pedidos de esclarecimento de Cameron cingiram-se a temas de educação - o dossier que tinha a seu cargo no "Governo-sombra" dos conservadores - e de ambiente.
Blair, surpreendido por aquilo que apelidou como o "novo consenso" defendido pelo líder conservador, viu-se obrigado a dizer que "tinha numerosas diferenças de princípio" com Cameron.