Novo satélite europeu ajudará a conhecer melhor o tempo e o clima
O primeiro de três novos satélites europeus de órbita polar, que permitirão melhorar as previsões meteorológicas e o conhecimento das condições climáticas, deverá ser lançado terça-feira para o espaço do cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão.
Primeiro de uma série de três satélites europeus de observação terrestr e a lançar até 2020, o MetOp-A é o mais complexo até agora colocado em órbita.
Estes satélites resultam de um programa conjunto da Agência Espacial eu ropeia (ESA) e da Organização Europeia de Exploração de Satélites Meteorológicos (EUMETSAT), que operará os satélites em parceria com o sistema de satélites met eorológicos da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA).
Com seis metros de altura e 4.085 toneladas de peso, este enorme satéli te leva a bordo onze instrumentos de ponta - cinco europeus e seis norte-america nos - capazes de fornecer informações de alta precisão sobre a humidade e temper atura do ar, a velocidade e a direcção dos ventos, especialmente sobre o mar, a fusão dos gelos e os gases com efeito de estufa.
O MetOp-A subsituirá um de dois satélites de órbita polar actualmente o perados pela NOAA. Os dois satélites terão órbitas complementares, com o europeu a observar cada ponto da Terra sempre à mesma hora, a meio da manhã, e o norte- americano a ter uma missão idêntica, a meio da tarde.
O satélite europeu irá também complementar os dados recolhidos de órbit as geoestacionárias pelos satélites europeus Meteosat, melhorando a qualidade da s previsões meteorológicas e das informações climáticas.
Circulará entre os dois pólos, perpendicularmente ao equador, a 817 qui lómetros da Terra, muito abaixo das órbitas geoestacionárias dos satélites meteo rológicos em actividade (36.000 kms).
Esta órbita polar representa uma vantagem considerável, por exemplo, pa ra a observação do norte da Europa e das calotes polares, até agora "achatadas" nas imagens captadas pelos satélites geoestacionários de órbita equatorial.
Um dos instrumentos chave do satélite - para o qual colaborou um consór cio de empresas portuguesas de software e o INETI - é o IASI, um interferómetro capaz de medir, além de outros dados, a humidade e a temperatura em todas as cam adas da atmosfera com um quilómetro de resolução, quando a dos instrumentos actu ais norte-americanos é de dois a três quilómetros.
Outro aparelho, o Gome-2 medirá o ozono da atmosfera que contribui para o efeito de estufa nas camadas baixas e cujo famoso "buraco" a alta altitude é fonte de inquietação devido às radiações ultravioleta.
Outro ainda, o Ascat, medirá com grande precisão a velocidade e direcçã o dos ventos à superfície do oceano e dos gelos flutuantes, cuja superfície está a diminuir.
O satélite terá também capacidade para captar mensagens de socorro de n avios e aeronaves em situações de emergência, transmitindo-as de imediato às aut oridades responsáveis pelas operações de busca e salvamento.
Os três satélites representam um investimento total estimado em 2,4 mil milhões de euros, dos quais 1,8 mil milhões por parte da EUMETSAT e o restante essencialmente pela ESA.
Ao abrigo deste programa conjunto de 14 anos, com cada satélite a ter c inco anos de vida útil, a ESA é responsável pelo desenvolvimento do segmento esp aço do projecto e a EUMETSAT pelo do sistema geral, o segmento terra e as operaç ões durante a vida da missão.
Fornecem os instrumentos, como parceiros do projecto, a agência espacia l francesa (CNES, Centro Nacional de Estudos Espaciais) e a NOAA.
O MetOp-A deverá partir para o espaço do cosmódromo de Baikonur num fog uetão russo Soyuz às 17:28 (hora de Lisboa) de terça-feira.
Este lançamento esteve inicialmente previsto para 17 de Julho, mas foi adiado várias vezes devido a incidentes mecânicos e problemas com o sistema de c ontrolo terrestre do foguetão russo Soyuz que o lançará para o espaço.