Número um do grupo Wagner. Yevgeny Prigozhin critica "palhaços" do exército russo

por Cristina Sambado - RTP
"Concord"/Handout via Reuters

O patrão do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, volta à carga contra a burocracia do Ministério da Defesa em Moscovo, afirmando que os seus mercenários manterão a luta na Ucrânia se tiverem uma secção separada na linha da frente, sem depender dos "palhaços" que comandam grande parte das Forças Armadas russas.

Segundo a Reuters, Yevgeny Prigozhin, que celebra esta quinta-feira 62 anos, acrescentou num campo de treino que os seus homens vão finalmente deixar a cidade de Bakhmut, no leste da Ucrânia, no próximo dia 5 de junho, depois de a entregarem às tropas de Moscovo.Os mercenários capturaram a cidade devastada em finais de maio, após meses de intensos combates.


“A cadeia de comando é liderada por palhaços que transformam pessoas em carne. Nós não participamos nisso”, acusou o dono do grupo Wagner.


Prigozhin é conhecido pelos seus comentários contundentes, muitas vezes com palavrões, sobre a forma como as tropas do Kremlin estão a conduzir a guerra.

Aos jornalistas, olhando para um céu noturno iluminado por explosões, Prigozhin perguntou: “É bonito, não é?”.

O líder do grupo Wagner descreveu ainda as próteses que os mercenários feridos em combate receberam. E frisou que os seus homens querem descansar em campos ucranianos controlados pela Rússia durante um mês, quando a situação ficar mais controlada.

“Foi um ano difícil. Vamos ver como correm as coisas”, acrescentou.

Prigozhin ganhou notoriedade durante os 15 meses da guerra na Ucrânia e tem insultado, regularmente, as altas patentes militares que apoiam o presidente Vladimir Putin, especialmente o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, e o chefe do Estado-Maior Valery Gerasimov, sobre o seu desempenho.

Nem Shoigu nem Gerasimov responderam aos insultos do líder do grupo Wagner.

Na passada semana, Prigozhin afirmou que a sua alcunha deveria ser “carniceiro de Putin”. E que tinha pedido aos procuradores para investigarem se altos funcionários da defesa russa tinham cometido algum “crime” antes ou durante a guerra na Ucrânia.
Putin atualizado sobre a situação em Belgorod
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, revelou que o Ministério russo da Defesa, os guardas fronteiriços, os serviços de emergência e as autoridades locais estão constantemente a informar Vladimir Putin sobre a situação na região de Belgorod, na fronteira com a Ucrânia.

Belgorod, que faz fronteira com a região ucraniana de Kharkiv, tem sido alvo de ataques nos últimos meses. Em maio, uma incursão transfronteiriça das forças pró-ucranianas atingiu várias vezes povoações fronteiriças.
Moscovo acusa “terroristas ucranianos” de atacarem a fronteira ocidental da Rússia, mas Kiev contrapõe e afirma que se trata de voluntários russos anti-Putin a atuar na região.

Esta quinta-feira, um bombardeamento na cidade russa de Shebekino provocou nove feridos e danificou vários edifícios, revelou o governador da região de Belgorod que acrescentou que foram usados mísseis Grad da era soviética no ataque.

“No distrito de Shebekino, há um bombardeamento contínuo das Forças Armadas da Ucrânia”, revelou o governador de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, em vídeo publicado no Telegram.

Segundo Vyacheslav Gladkov, “oito pessoas ficaram feridas. Não há vítimas mortais. Vários edifícios ficaram danificados. Os civis de Shebekino e das aldeias vizinhas foram retirados”.

Já o presidente da câmara de Belgorod, a 33 quilómetros de Shebekino, afirmou que o ponto de retirada dos 134 civis estava preparado. Três mortos em ataque russo noturno em Kiev
Segundo as autoridades ucranianas, novos ataques russos durante a noite causaram a morte a três pessoas, entre as quais uma criança, na capital. O ataque teve como alvo o bairro de Desnyanskyi, nos subúrbios de Kiev.Durante o mês de maio, a capital ucraniana foi alvo de 18 ataques.

“Três pessoas morreram em Kiev, duas mulheres e uma menina de nove anos que tentavam entrar num abrigo que estava fechado”, avançou o ministro ucraniano do Interior, Igor Klymenko.
Outras 20 pessoas ficaram feridas no ataque que durou “15 minutos”, avançou uma residente à BBC.

As Forças Armadas ucranianas revelaram que os sistemas de defesa área intercetaram pelo menos dez mísseis provenientes da região russa de Bryansk.

c/ agências
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