Mundo
O "homem mais sortudo do planeta" e que perdeu a felicidade
Há sensivelmente cinco meses o "milagre" aconteceu a Ramesh, um cidadão britânico de origem indiana. Um milagre que antecedeu um enorme sofrimento.
Aos 39 anos, ele foi notícia mundial em junho por ter sido o único sobrevivente do acidente aéreo da Air India que matou 241 pessoas.
Foto: Vijay Patani - AFP
As imagens de Viswashkumar Ramesh a sair dos destroços correram o mundo surpreendido.
Um vídeo, partilhado na altura, mostrava este passageiro a afastar-se do local do acidente com ferimentos aparentemente superficiais, enquanto o fumo se espalhava ao fundo.
Em declarações à BBC News, Ramesh afirma emocionado: “Sou o único sobrevivente. Ainda não consigo acreditar. É um milagre”.
No entanto, apesar de se sentir o ”homem mais sortudo” do mundo conta que “perdi tudo”.
O “tudo” de Ramesh era o irmão mais novo, Ajay, que estava sentado a poucos lugares de distância no voo.
Foto: via AFP
Ramesh luta contra a Perturbação de Stress Pós-Traumático (caracteriza-se por pensamentos intrusivos, pesadelos ou flashbacks de um evento traumático passado).
Pela primeira vez desde que regressou ao Reino Unido, falou com a imprensa.
“Agora estou sozinho. Sento-me sozinho no meu quarto, sem falar com a minha mulher nem com o meu filho. Prefiro ficar sozinho em casa”.
Foto: Amit Dave - Reuters
“Para mim, depois deste acidente... é muito difícil. Fisicamente, mentalmente, e também para a minha família, mentalmente... a minha mãe, nos últimos quatro meses, fica sentada todos os dias à porta, sem falar, sem fazer nada. Não falo com mais ninguém. Não gosto de falar com mais ninguém. Não consigo falar muito. Passo a noite toda a pensar, estou a sofrer mentalmente. Todos os dias são dolorosos para toda a família”.
Quem o tem acompanhado no Reino Unido descreve como ele está perdido e abatido, com um longo caminho de recuperação pela frente.
Sobre os ferimentos físicos que sofreu no acidente, por ter escapado do seu lugar, 11A, através de uma abertura na fuselagem, conta que sente dores na perna, ombro, joelho e costas, e não consegue trabalhar nem conduzir desde a tragédia.
Um relatório preliminar sobre o acidente, publicado pelo Gabinete de Investigação de Acidentes Aéreos da Índia em julho, afirmou que o abastecimento de combustível aos motores foi cortado poucos segundos após a descolagem.
Os representantes legais de Viswashkumar Ramesh exigem uma reunião com os executivos da Air India. Alegam que tem sido maltratado pela companhia aérea desde o acidente.
O porta-voz da família revela que por três vezes foi pedida uma reunião com a Air India. Foram todas “ignoradas ou recusadas”.
As entrevistas foram agora organizadas para obter uma resposta.
"É revoltante que tenhamos de estar aqui hoje e sujeitá-lo [Viswashkumar] a isto”, afirmou o porta-voz.
Num comunicado, a companhia aérea, propriedade do Grupo Tata, afirmou estar disponível apar se encontrar com “os representantes do sr. Ramesh”.
A Air India assegurou à BBC que este contacto foi feito antes das entrevistas com a comunicação social.
O Boeing 787 da Air India tinha como destino Londres, mas caiu logo após a descolagem no oeste da Índia
As imagens de Viswashkumar Ramesh a sair dos destroços correram o mundo surpreendido.
Um vídeo, partilhado na altura, mostrava este passageiro a afastar-se do local do acidente com ferimentos aparentemente superficiais, enquanto o fumo se espalhava ao fundo.
Em declarações à BBC News, Ramesh afirma emocionado: “Sou o único sobrevivente. Ainda não consigo acreditar. É um milagre”.
No entanto, apesar de se sentir o ”homem mais sortudo” do mundo conta que “perdi tudo”.
O “tudo” de Ramesh era o irmão mais novo, Ajay, que estava sentado a poucos lugares de distância no voo.
“O meu irmão era o meu esteio. Nos últimos anos, ele sempre me apoiou”.
Ramesh luta contra a Perturbação de Stress Pós-Traumático (caracteriza-se por pensamentos intrusivos, pesadelos ou flashbacks de um evento traumático passado).
Pela primeira vez desde que regressou ao Reino Unido, falou com a imprensa.
“Agora estou sozinho. Sento-me sozinho no meu quarto, sem falar com a minha mulher nem com o meu filho. Prefiro ficar sozinho em casa”.
Ao lado do líder comunitário em Leicester e do porta-voz, Ramesh chorou em algumas partes da entrevista por ser muito doloroso recordar os acontecimentos do desastre. Ainda assim descreveu o impacto devastador na vida familiar.
“Para mim, depois deste acidente... é muito difícil. Fisicamente, mentalmente, e também para a minha família, mentalmente... a minha mãe, nos últimos quatro meses, fica sentada todos os dias à porta, sem falar, sem fazer nada. Não falo com mais ninguém. Não gosto de falar com mais ninguém. Não consigo falar muito. Passo a noite toda a pensar, estou a sofrer mentalmente. Todos os dias são dolorosos para toda a família”.
Quem o tem acompanhado no Reino Unido descreve como ele está perdido e abatido, com um longo caminho de recuperação pela frente.
Sobre os ferimentos físicos que sofreu no acidente, por ter escapado do seu lugar, 11A, através de uma abertura na fuselagem, conta que sente dores na perna, ombro, joelho e costas, e não consegue trabalhar nem conduzir desde a tragédia.
Um relatório preliminar sobre o acidente, publicado pelo Gabinete de Investigação de Acidentes Aéreos da Índia em julho, afirmou que o abastecimento de combustível aos motores foi cortado poucos segundos após a descolagem.
Os representantes legais de Viswashkumar Ramesh exigem uma reunião com os executivos da Air India. Alegam que tem sido maltratado pela companhia aérea desde o acidente.
O porta-voz da família revela que por três vezes foi pedida uma reunião com a Air India. Foram todas “ignoradas ou recusadas”.
As entrevistas foram agora organizadas para obter uma resposta.
"É revoltante que tenhamos de estar aqui hoje e sujeitá-lo [Viswashkumar] a isto”, afirmou o porta-voz.
Num comunicado, a companhia aérea, propriedade do Grupo Tata, afirmou estar disponível apar se encontrar com “os representantes do sr. Ramesh”.
A Air India assegurou à BBC que este contacto foi feito antes das entrevistas com a comunicação social.