Um vídeo publicado no canal de wuant, um famoso youtuber português, lançou a polémica sobre o Artigo 13 da União Europeia sobre direitos de autor na internet. Nessa mensagem, wuant afirmava que o seu canal ia ser apagado e que provavelmente não seria o único devido a essa diretiva da UE. Numa carta aberta publicada hoje no Facebook, Sofia Colares Alves, chefe da representação da Comissão Europeia em Portugal, escreveu que não "há razões para se preocuparem".
"O vosso canal de YouTube não vai desaparecer"
O Artigo 13, muito falado nas últimas horas desde que foi publicado no YouTube o vídeo de wuant, tem com objetivo proteger a criatividade dos autores, impedindo a violação de direitos de autor. Saltou para a ribalta depois deste vídeo publicado no canal de YouTube de wuant.
Numa carta aberta, a chefe da representação da Comissão Europeia em Portugal tenta esclarecer o que está em causa com este artigo.
Começa por afirmar que "não há razões" para preocupações. Porque "o vosso canal de YouTube não vai desaparecer", a "internet (como a conhecemos) não vai desaparecer e o memes não vão desaparecer"."Artigo 13.º não vai acabar com a Internet. Pelo contrário, vai dar-vos força enquanto criadores de conteúdos"
Garante Sofia Colares Alves que os "vídeos não vão ser apagados" e a "liberdade de expressão não vai ser limitada. O artigo 13.º não se dirige a youtubers e não vai afetar os vossos canais. Dirige-se, isso sim, a plataformas como o YouTube, que têm lucrado graças a conteúdos que não cumprem as leis de direitos de autor".
Afirma também que o "artigo 13.º não vai acabar com a Internet. Pelo contrário, vai dar-vos força enquanto criadores de conteúdos. Com o artigo 13.º vão poder dizer ao YouTube como querem que os vossos vídeos sejam utilizados. Assim, youtubers que copiem ou utilizem o vosso trabalho sem a vossa autorização vão deixar de lucrar com esse uso indevido. E, da mesma forma, o Youtube vai deixar de fazer dinheiro com isso".
As explicações da chefe da representação da Comissão Europeia em Portugal continuam: "Caros youtubers, os memes não vão desaparecer. E ainda bem! Aliás, os memes são protegidos por uma exceção na Diretiva de Direitos de Autor de 2001. Têm sido protegidos pela União Europeia durante os últimos 17 anos e não há ninguém que queira acabar com eles. Pelo contrário, o que propomos é que os memes que sejam denunciados e apagados indevidamente das redes sociais possam ser rapidamente republicados".
Diz esta responsável que vai ser possível "continuar a publicar conteúdos online. E sim, os vossos seguidores vão continuar a seguir-vos nas redes sociais".
"União Europeia é um lugar de liberdade de expressão
Sofia Colares Alves escreve ainda no Facebook que "a União Europeia é um lugar de liberdade de expressão. Não é à toa que tantos milhares de imigrantes sofrem para cá chegar. A liberdade, a informação e as sociedades democráticas fazem parte do nosso ADN. É por isso que apostamos no Erasmus, no fim do roaming, no fim do geoblocking e no InterRail gratuito para os jovens com 18 anos. E isso não vai mudar".
Para a chefe da representação da Comissão Europeia em Portugal o artigo 13 serve para mudar "a forma desenfreada como conteúdos são (ab)usados na Internet para benefício de grandes plataformas. Há youtubers, músicos, jornalistas, humoristas, argumentistas, atores e fotógrafos que merecem ver o seu trabalho reconhecido e devidamente pago. São todos eles – incluindo vocês, youtubers - os beneficiários da nossa proposta".
E termina a afirmar que "viver em liberdade não significa só respeitar os que produzem conteúdos (incluindo os youtubers). Significa também que temos de ser responsáveis e filtrar a informação que nos é apresentada".
"Esta polémica", acrescenta, "não tem nada que ver com ´censura`, nem com o ´fim da Internet`. Na verdade, só confirma o que já sabemos: uma informação errada, ainda que partilhada 1500 vezes, não passa a ser verdade".
A carta aberta termina com um agradecimento pelos "vídeos, memes e pela vossa criatividade". E com um "obrigada por mostrarem que os jovens continuam capazes de defender as suas causas".