Ódio ao feminismo e paixão por Jesus durante inauguração de Kamala Harris

por Lusa

No dia e na cidade em que os Estados Unidos inauguraram Kamala Harris como primeira mulher vice-presidente, alguns homens mostraram ódio pelas mulheres no poder e defenderam o nome de Jesus a meio dos insultos a feministas.

"Péssimas mães", "prostitutas", apoiantes da pedofilia e promotoras de "perversão homo" eram insultos dirigidos contra feministas por homens que defendiam o nome de Jesus Cristo em Washington, no cruzamento da estrada de North Capitol com a E, onde se avistava a cúpula do Capitólio.

Manifestantes com cartazes insultuosos contra o feminismo eram alguns dos que estavam nas ruas cortadas de Washington na quarta-feira, durante a inauguração presidencial de Joe Biden, quando os Estados Unidos passaram a ter uma mulher vice-presidente, Kamala Harris, e, pela primeira vez, um "segundo cavalheiro", Douglas Emhoff.

Existiram breves momentos de tensão e mais de uma dezena de polícias avançou para espalhar a multidão de gente que se começou a juntar com câmaras de filmar quando uma mulher começou a discutir com um homem que insultava mulheres e homossexuais.

No cartaz que o homem levava lia-se, em letras grandes, que feministas "pertencem à cozinha", são "péssimas mães", "matam os seus bebés", "são prostitutas" e "apoiam a pedofilia".

O nome de Jesus Cristo também era usado para justificar todos os insultos e para "mandar ao inferno" os "pecadores".

Para além dos insultos, estava ainda escrita a obrigatoriedade de feministas se "submeterem aos maridos".

Pela cidade de Washington foram aparecendo alguns cartazes levantados para pedir a proteção de Jesus Cristo e chamar pessoas para a "verdade divina" e para "o único caminho da salvação e conhecimento".

Noutro cruzamento -- das avenidas de New Jersey e Massachusetts -- e com a presença de militares, polícias e veículos militares, eram muitas as câmaras em tripés e microfones que representavam órgãos de comunicação de diversos países.

Enquanto vários jornalistas tentavam fazer os seus diretos, um manifestante com altifalante defendia que "todo o universo é binário" e que só existem "notícias boas ou notícias falsas" perguntando em retórica "quantos de vocês já mentiram?".

"Fake news" foi um termo que Donald Trump usou inúmeras vezes para acusar os `media` de propaganda negativa.

A homossexualidade era chamada de "perversidade" pelo megafone e os abortos eram considerados "homicídios". Em qualquer caso, ambos "pecados".

O manifestante defendia que a "América pode ser grande novamente" -- o `slogan` da campanha de Donald Trump -- mas só se se submeter a um processo de "renascimento" para conseguir a "entrada no reino de Deus".

Ao mesmo tempo, passava um casal sem máscaras na cara, com casacos vermelhos em que se lia a frase de Donald Trump "Make America great again".

Joe Biden, aos 78 anos, foi empossado hoje como Presidente dos Estados Unidos.

Kamala Harris, de 56 anos, ex-senadora norte-americana da Califórnia, é também a primeira pessoa negra e a primeira pessoa de ascendência sul-asiática eleita para a vice-presidência.

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