Ohio nos EUA aprova proteção do direito ao aborto na Constituição
Os eleitores do Ohio aprovaram a proteção do direito ao aborto na Constituição deste estado norte-americano controlado pelos republicanos, segundo a imprensa local, numa vitória para os defensores dos direitos reprodutivos.
Segundo as projeções, venceu o voto "sim", que alteraria a Constituição estadual para dar aos cidadãos o "direito de tomar e executar as suas próprias decisões reprodutivas", incluindo sobre o aborto, a contraceção e o tratamento relacionado com a fertilidade ou abortos espontâneos.
A medida aprovada também protege qualquer pessoa ou entidade que ajude uma paciente a receber tratamento médico reprodutivo e estipula que o estado não pode "penalizar ou proibir direta ou indiretamente o aborto", um tema delicado que pesará nas eleições presidenciais de 2024.
Esta é a mais recente vitória para os defensores do direito à interrupção da gravidez desde que o Supremo Tribunal norte-americano revogou esse direito no verão de 2022.
O Ohio tornou-se assim o sétimo estado norte-americano onde os eleitores decidiram proteger o acesso ao aborto após a decisão histórica do Supremo Tribunal - de maioria conservadora - e foi o único estado a considerar uma questão estadual sobre o direito ao aborto este ano.
O resultado destas eleições poderá ser um indicador para 2024, quando os democratas esperam que a questão energize os seus eleitores e ajude o atual presidente, Joe Biden, a manter-se na Casa Branca. Espera-se que os eleitores no Arizona, Missouri e outros estados votem proteções semelhantes no próximo ano.
Joe Biden saudou imediatamente o resultado.
"Esta noite, os americanos votaram mais uma vez para proteger as suas liberdades fundamentais - e a democracia venceu", escreveu, nas redes sociais.
A agenda antiaborto "extrema e perigosa" "está em descompasso com a grande maioria dos americanos", acrescentou, em referência à ala mais conservadora do Partido Republicano.
O aborto no Ohio é atualmente legal até às 22 semanas de gravidez. No centro do debate desta emenda constitucional estava a proibição do aborto a partir das seis semanas, bloqueada por um tribunal no ano passado, mas que está a ser considerada pelo Supremo Tribunal estadual.
As sondagens mostram que cerca de dois terços dos norte-americanos consideram que o aborto deveria ser geralmente legal nas primeiras fases da gravidez, um sentimento que tem sido registado quer nos estados democratas, quer nos profundamente republicanos, desde que os juízes do Supremo revogaram esse direito constitucional em junho de 2022.