OMS admite que a Europa está a caminhar para o fim da pandemia e vários países aliviam as restrições

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Gonzalo Fuentes - Reuters

O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Europa, Hans Kluge, considera que a elevada contaminação pela variante Ómicron, aliada à alta taxa de vacinação, irá conduzir a uma imunidade geral que, por sua vez, poderá significar o fim da pandemia. Apesar de o número de casos continuar a aumentar, vários países europeus, como França, Reino Unido e Dinamarca, estão a anunciar um alívio das restrições.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a Europa registou, a 19 de janeiro, 1,6 milhões de casos de covid-19 – um recorde desde o início da pandemia.

O diretor da OMS Europa, Hans Kluge, considera mesmo que a até março, 60 por cento dos europeus poderão ser infetados pela nova e mais transmissível variante Ómicron.


Essa elevada taxa de infeção poderá significar o fim da pandemia na Europa. “É plausível que a região esteja a caminhar para o final da pandemia, não da covid-19, mas da pandemia”, disse o principal responsável da OMS na Europa.

“Embora a Ómicron subsista durante semanas a meses, apontamos para uma imunidade global, quer através da vacinação, ou pela imunidade das pessoas através da infeção, para além de uma quebra por causa da sazonalidade", explicou Kluge.

“Antecipamos que haverá um período tranquilo antes que a covid-19 regresse no final do ano, o que não significa necessariamente que a pandemia esteja de volta”, acrescentou Kluge.


Kluge reconhece, no entanto, que ainda não foi atingido o estágio da endemia e pede cautela. "Endémico significa (...) que podemos prever o que vai acontecer. Este vírus surpreendeu-nos mais de uma vez. Devemos, portanto, ter muito cuidado", insistiu o responsável da OMS na Europa.

Perante o recente aumento de casos de contaminação, Kluge considera que as políticas de saúde devem agora centrar-se em "minimizar a disrupção e em proteger as pessoas vulneráveis", em vez de procurar diminuir a intensidade da transmissão do vírus.
Vários países europeus aliviam as restrições
Apesar do aumento do número de casos devido à variante Ómicron, vários países europeus estão a aliviar as restrições impostas no Natal, seja pela queda da incidência, pela diminuição dos internamentos devido à vacinação ou simplesmente por uma mudança de estratégia.

Em França, por exemplo, apesar de terem sido registados mais de 400 mil casos diários na semana passada, as autoridades afirmam que a situação epidemiológica está a evoluir de forma favorável.

Desta forma, foi anunciado um alívio gradual das restrições a partir de 2 de fevereiro. Estádios e centros culturais poderão reabrir sem limites à lotação, desde que o público permaneça sentado; o teletrabalho deixa de ser obrigatório e a utilização de máscara deixará de ser exigida no exterior. As restantes restrições serão aliviadas a partir de 16 de fevereiro, com a abertura de discotecas, a retoma dos espetáculos com público de pé e a possibilidade de consumir alimentos ou bebidas em eventos desportivos, cinemas e transportes públicos.

A partir desta segunda-feira, entra também em vigor o passe vacinal, que vem substituir o passe sanitário. Desta forma, o acesso a bares, restaurantes, museus ou transportes públicos inter-regionais (como aviões, comboios ou autocarros) passa apenas a ser permitido para maiores de 16 anos mediante a apresentação do comprovativo do estado vacinal contra a covid-19, deixando de ser suficiente um teste negativo.

No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson também anunciou, na semana passada, um alívio das restrições – em parte como forma de se redimir e de tentar recuperar a confiança dos membros do seu partido, numa altura em que o seu nome está manchado pelas várias polémicas em que está envolvido e o seu mandato está em risco.

Boris Johnson decretou que a partir da próxima quarta-feira, 26 de fevereiro, cairão as restrições impostas no final do ano passado para controlar a variante Ómicron. Deixa de ser obrigatório o uso da máscara, o teletrabalho deixa de ser aconselhado e o passe sanitário deixa de ser obrigatório em locais públicos, como teatros ou salas de espetáculo e estádios de futebol.

Na Holanda, escolas e universidades, ginásios e cabeleireiros, que estavam fechados desde meados de dezembro, puderam voltar a abrir portas a 15 de janeiro. O Governo mantém, no entanto, encerrados os setores da hotelaria, restauração e da cultura. O setor da restauração considera estas regras incompreensíveis e está a pressionar o Governo por uma flexibilização das medidas a partir de 26 ou 29 de janeiro.

Na Dinamarca, apesar de continuarem a ser registados recordes de infeções devido à rápida propagação da variante Ómicron, o Governo deu luz verde à reabertura do setor cultural, encerrado desde meados de dezembro. Cinemas, casas de espetáculos, teatros e centros culturais podem abrir com limite de até 500 espectadores sentados, sendo que a máscara continua obrigatória, assim como a apresentação do passaporte covid. As discotecas e os bares continuam encerrados pelo menos até ao final de janeiro, e os restaurantes não podem servir bebidas alcoólicas depois das 22h00 e devem encerrar uma hora depois.
Tópicos
pub