ONG alerta que milhares de crianças sofrem de desnutrição aguda no norte do Quénia

A Organização Não Governamental (ONG) Save the Children alertou hoje que quase mil crianças do condado de Turkana, no norte do Quénia, sofrem de desnutrição aguda, num total de 2.780 menores analisados.

Lusa /

De acordo com a organização, a má condição das crianças é agravada pela seca, ataques de crocodilos que limitam a pesca, pragas de gafanhotos e cortes na ajuda humanitária internacional.

A Unidade de Saúde de Emergência (EHU, na sigla em inglês) desta ONG, destacada junto ao Ministério da Saúde do Quénia, examinou entre julho e agosto passado 2.780 menores, dos quais 990 --- um em cada três --- apresentavam desnutrição aguda.

Em Turkana, 70% da população não recebe alimentação suficiente, o que afeta cerca de 87 mil crianças menores de cinco anos e 36 mil mulheres grávidas ou lactantes que precisam de tratamento, acrescenta-se ainda no comunicado.

"Durante a nossa primeira ronda de clínicas móveis, fiquei surpreendida e entristecida ao ver tantas crianças e mulheres grávidas ou lactantes a sofrer de fome e desnutrição; muitos pais disseram-nos que, com sorte, conseguem dar aos seus filhos uma chávena de milho por dia, ou que sobrevivem à base de frutos silvestres", afirmou a responsável clínica da EHU, Alice Oyuko-Awuor, citada no documento.

A análise da Classificação Integrada da Segurança Alimentar em Fases (IPC) indica que, até janeiro de 2026, o número de pessoas com altos níveis de insegurança alimentar aguda no Quénia aumentará 16%, passando de 1,8 milhões para mais de 2 milhões.

Destas, cerca de 179 mil enfrentarão níveis de emergência, principalmente nos áridos condados de Turkana, Baringo, Mandera e Marsabit.

Em julho, a Save the Children enviou a sua Unidade de Saúde de Emergência para colaborar com equipas locais e o Ministério da Saúde na criação de 25 centros de saúde e nutrição para prestar serviços a crianças e adultos nas áreas de maior risco.

A Save the Children trabalha no Quénia desde 1950 e, em 2024, atendeu quase 700 mil pessoas, incluindo cerca de 455 mil crianças.

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