ONG denuncia "maior onda de repressão" do ano na Bielorrússia
A principal organização de defesa dos direitos humanos da Bielorrússia, o centro Viasna, afirmou hoje que o país vive "a maior onda de repressão" deste ano, com rusgas e detenções de críticos do Governo que participaram em manifestações.
Na mais recente onda de detenções no país governado há mais de 30 anos pelo autocrata Alexander Lukashenko, foram detidos "dezenas de ativistas", disse à Associated Press a organização.
Trata-se da "maior onda de repressão" deste ano, segundo Pavel Sapelka, ativista da Viasna, organização que contabiliza atualmente no país 1.200 presos políticos, incluindo o seu fundador Ales Bialiatski, vencedor do Prémio Nobel da Paz 2022.
O alvo são críticos do Governo que participaram em manifestações da oposição no estrangeiro no início deste ano, informou o Comité de Investigação do país, que afirma ter identificado pelo menos 207 participantes.
As manifestações anti-Lukashenko realizaram-se na Polónia, Lituânia, Estados Unidos, Reino Unido e Canadá para assinalar a curta independência da Bielorrússia em 1918, após o colapso do Império Russo.
As rusgas, detenções e apreensões de bens foram realizadas na capital, Minsk, e noutras partes do país, informaram as autoridades, que não referiram quantas pessoas foram detidas.
O país tem vivido ciclicamente detenções em massa, julgamentos e condenações de críticos do governo desde agosto de 2020, quando Lukashenko conquistou o seu sexto mandato numa eleição que a oposição e os países ocidentais denunciaram como fraudulenta.
Dezenas de milhares de pessoas saíram então à rua em protesto, nas maiores manifestações da história do país, a que as autoridades reagiram com uma repressão violenta, detendo e espancando milhares de pessoas e forçando cerca de 500.000 ao exílio.
A repressão atraiu condenação internacional, e os Estados Unidos e a União Europeia impuseram sanções à Bielorrússia, principal aliado da Rússia de Vladimir Putin.
Em janeiro, Lukashenko conquistou mais um mandato numa eleição avaliada por observadores independentes como orquestrada para o manter no cargo.
Para assinalar o quinto aniversário do início dos protestos em massa, a oposição bielorrussa exilada agendou manifestações em Varsóvia para sábado e domingo.
Em resposta, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Bielorrússia convocou na terça-feira o encarregado de negócios da Polónia e emitiu uma nota denunciando o que chamou de evento "destrutivo" e "hostil" que "prejudica as relações entre a Bielorrússia e a Polónia".