ONU apresenta novo Atlas Internacional de Nuvens

por RTP
Jean-Paul Pelissier - Reuters

A Organização Metereológica Mundial, associação da ONU, apresenta quinta-feira o novo Atlas Internacional da Nuvem, que não era atualizado desde 1987. A publicação conta com 12 novos tipos de nuvens.

O atlas foi publicado pela primeira vez em 1896, com apenas 28 imagens a cores.
E a última edição de 1987 tornou-se um livro de culto para os fãs que observam o céu. Já a publicação desde ano, em formato digital, inclui centenas de fotografias e identifica 12 novos tipos de nuvens.
As nuvens são classificadas em gêneros, espécies e outras categorias mais baixas, com nomes em latim.
Os géneros descrevem a aparência aproximada das nuvens e onde se formam, como acontece com a altocumulus (uma formação que se assemelha a um rebanho).

De acordo com a declaração da Organização Meteorológica Mundial, o novo livro não adiciona nenhum género aos 10 já existentes. Contudo, acrescenta uma nova espécie de nuvem, a volutus. Uma massa de baixa altitude em forma de tubo que se parece enrolar num eixo horizontal.

A organização apresenta pela primeira vez, as flumen ou beavertail. Nuvens que normalmente aparecem associadas a tempestades severas

Aparecem também cinco novas características complementares: asperitas, cavum (com um furo), cauda, fluctus e murus. As primeiras chegam ao atlas graças a uma campanha. A associação britânica The Cloud Appreciation Society (CAS), dedicada a promover a admiração de massas de nuvens, foi a primeira a apresentar as asperitas.


Exemplo de uma asperitas. Foto: Ragnhild M. Hansen - The Cloud Appreciation Society

Depois de muitos dos seus membros em todo o mundo fotografarem nuvens que se assemelhavam à superfície ondulante do mar, a CAS propôs que fossem incluídas. "É o exemplo clássico de ciência do cidadão, no qual as observações da população, permitidas pela tecnologia de telefones inteligentes e pela Internet, tem influenciado o sistema de classificação oficial", diz a associação.

O novo atlas introduz ainda cinco nuvens especiais. Quatro delas relacionadas com o local onde se formam. As cataractagenitus, formam-se perto de cataratas; as flammagenitus são observadas em fontes de calor elevado (como os incêndios florestais); as silvagenitus são típicas em florestas tropicais; e as homogenitus que se formam a partir dos rastos de condensação deixados pelos aviões. Por fim, as homomutatus são nuvens já existentes que se modificam com as passagens dos aviões.

Ruben del Campo, o observador de nuvens da Agência Estatal de Meteorologia refere que "apesar de ter demorado 30 anos, eles fizeram uma boa revisão. É um guia de referência que era necessário”.

A maior novidade do novo atlas será talvez a fotografia de uma cirrus castellanus, uma nuvem bastante rara.



"Se quisermos prever o tempo, devemos entender as nuvens. Se quisermos moldar o sistema climático, devemos entender as nuvens. E se quisermos prever a disponibilidade dos recursos hídricos, devemos entender as nuvens", defendeu Petteri Taalas, o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial.

Atualmente são cerca de 100 os tipos de nuvens conhecidos e o sistema de classificação internacional remonta ao trabalho pioneiro do britânico Luke Howard, que em 1803 publicou um ensaio sobre a modificação das massas de nuvens.
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