ONU diz estar "em negociações" com Israel para a entrada de ajuda em Gaza
O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) disse esta segunda-feira que está "em negociações" com Israel sobre as modalidades da retoma da entrega de ajuda humanitária em Gaza, após a decisão de Israel de permitir a entrada de uma pequena quantidade após mais de dois meses de bloqueio. Ao mesmo tempo que os camiões com ajuda humanitária aguardam autorização para entrar no enclave, o primeiro-ministro israelita prometeu que Israel vai tomar o controlo de todo o território de Gaza.
"As autoridades israelitas contactaram-nos para retomar a entrega de ajuda limitada e estamos atualmente em negociações com eles sobre como isso ocorreria, dadas as condições no local", disse a OCHA em comunicado, sem adiantar mais detalhes.
No domingo, Israel anunciou que iria permitir a entrada de uma quantidade limitada de ajuda humanitária em Gaza, após um bloqueio de quase três meses, para evitar uma “crise de fome”. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, justificou a decisão com o receio que as imagens de fome dos palestinianos fizessem com que os aliados de Israel retirassem o apoio militar e diplomático ao país.
Netanyahu disse que os países "amigos", nomeadamente os EUA, lhe disseram que não podiam apoiar a continuação da guerra se se continuasse a difundir "imagens de fome em massa" em Gaza, o que conduziria Israel para perto de uma "linha vermelha, a um ponto em que poderíamos perder o controlo".
"É por esta razão que, para alcançar a vitória, temos de resolver o problema de alguma forma", disse Netanyahu, numa mensagem aparentemente dirigida aos extremistas de direita do seu Governo, que insistem que a ajuda seja negada a Gaza para impedir que chegue ao Hamas. O seu aliado e ministro de extrema-direita, Itamar Ben Gvir, acusou-o de cometer "um erro grave".
Por sua vez, o presidente de Israel, Isaac Herzog, aplaudiu a decisão do Governo de permitir o recomeço da entrega de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
"Aplaudo a decisão do governo israelita de reiniciar a transferência de ajuda humanitária, que é fundamental para manter as condições humanas básicas. Isto permite-nos manter a nossa humanidade no meio desta tragédia", afirmou o presidente israelita durante um discurso no Congresso Judaico Mundial, em Jerusalém.
"Israel está a enfrentar um inimigo cruel e sinistro que torturou vidas inocentes, queimou, mutilou e raptou os nossos irmãos e irmãs. Nós somos melhores. Não permitiremos que o nosso inimigo nos desumanize. Temos de ser melhores. Vamos sempre liderar com a nossa humanidade", afirmou.
Os meios de comunicação palestinianos informaram que 50 camiões que transportam farinha, óleo alimentar e leguminosas seriam autorizados a entrar no pequeno território costeiro ainda esta segunda-feira, enquanto os meios de comunicação israelitas informaram que nove camiões com comida para bebés deveriam entrar nas próximas horas.
"Dois milhões de pessoas estão a morrer de fome"
Segundo a Organização Mundial da Saúde, dois milhões de pessoas estão a passar fome na Faixa de Gaza.
"Dois milhões de pessoas estão a morrer de fome" em Gaza, enquanto "toneladas de alimentos estão bloqueadas na fronteira", lamentou o responsável da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
"A escalada das hostilidades, as ordens de retirada, a redução do espaço humanitário e o bloqueio da ajuda estão a levar a um fluxo de vítimas num sistema de saúde já sobrecarregado", condenou.
"As pessoas estão a morrer de doenças que poderiam ser prevenidas enquanto os medicamentos aguardam na fronteira e os ataques a hospitais privam as pessoas de cuidados", acrescentou.
No domingo, as forças israelitas sitiaram o hospital indonésio em Beit Lahiya, o último hospital que estava em funcionamento na Faixa de Gaza.
“Todos os hospitais públicos no norte da Faixa de Gaza estão fora de serviço”, anunciou o Ministério da Saúde palestiniano.
Netanyahu promete que "vai assumir o controlo de toda" a Faixa de Gaza
Ao mesmo tempo que autorizou a entrada de ajuda em Gaza, Israel continua a sua ofensiva no território palestiniano e Netanyahu promete que "vai assumir o controlo" de todo o enclave.
“Os combates são intensos e estamos a fazer progressos. Vamos assumir o controlo de todo o território da Faixa”, afirmou o primeiro-ministro israelita num vídeo publicado nas redes sociais.
Depois de ter dado início a uma nova operação, o exército israelita anunciou, no domingo, o início de “extensas operações terrestres” no norte e sul de Gaza, depois de fontes de ambos os lados do conflito terem afirmado que não foram feitos progressos na nova ronda de negociações indiretas entre Israel e o Hamas. Esta segunda-feira, o exército emitiu uma ordem de evacuação imediata para a cidade de Khan Younis, no sul, avisando que está a preparar "um ataque sem precedentes".
No terreno, a Defesa Civil de Gaza reportou a morte de 52 pessoas em bombardeamentos israelitas no território palestiniano esta segunda-feira, enquanto os militares israelitas disseram ter atingido 160 alvos em Gaza nas últimas 24 horas, incluindo posições antitanque, infraestruturas subterrâneas e um ponto de armazenamento de armas. Há ainda notícia de militares israelitas disfarçados de civis que estão a atacar no enclave.
As autoridades de saúde palestinianas reportaram mais de 500 mortos em ataques nos últimos oito dias, enquanto Israel intensificou a sua campanha militar.
Após uma trégua de dois meses, Israel retomou a sua ofensiva contra o Hamas a 18 de Março, alegando que quer "derrotar" o Hamas e obrigá-lo a libertar os restantes reféns. Desde então, ambos os lados acusam-se mutuamente de bloquear as negociações.
No domingo, Israel anunciou que iria permitir a entrada de uma quantidade limitada de ajuda humanitária em Gaza, após um bloqueio de quase três meses, para evitar uma “crise de fome”. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, justificou a decisão com o receio que as imagens de fome dos palestinianos fizessem com que os aliados de Israel retirassem o apoio militar e diplomático ao país.
Netanyahu disse que os países "amigos", nomeadamente os EUA, lhe disseram que não podiam apoiar a continuação da guerra se se continuasse a difundir "imagens de fome em massa" em Gaza, o que conduziria Israel para perto de uma "linha vermelha, a um ponto em que poderíamos perder o controlo".
"É por esta razão que, para alcançar a vitória, temos de resolver o problema de alguma forma", disse Netanyahu, numa mensagem aparentemente dirigida aos extremistas de direita do seu Governo, que insistem que a ajuda seja negada a Gaza para impedir que chegue ao Hamas. O seu aliado e ministro de extrema-direita, Itamar Ben Gvir, acusou-o de cometer "um erro grave".
Por sua vez, o presidente de Israel, Isaac Herzog, aplaudiu a decisão do Governo de permitir o recomeço da entrega de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
"Aplaudo a decisão do governo israelita de reiniciar a transferência de ajuda humanitária, que é fundamental para manter as condições humanas básicas. Isto permite-nos manter a nossa humanidade no meio desta tragédia", afirmou o presidente israelita durante um discurso no Congresso Judaico Mundial, em Jerusalém.
"Israel está a enfrentar um inimigo cruel e sinistro que torturou vidas inocentes, queimou, mutilou e raptou os nossos irmãos e irmãs. Nós somos melhores. Não permitiremos que o nosso inimigo nos desumanize. Temos de ser melhores. Vamos sempre liderar com a nossa humanidade", afirmou.
Os meios de comunicação palestinianos informaram que 50 camiões que transportam farinha, óleo alimentar e leguminosas seriam autorizados a entrar no pequeno território costeiro ainda esta segunda-feira, enquanto os meios de comunicação israelitas informaram que nove camiões com comida para bebés deveriam entrar nas próximas horas.
"Dois milhões de pessoas estão a morrer de fome"
Segundo a Organização Mundial da Saúde, dois milhões de pessoas estão a passar fome na Faixa de Gaza.
"Dois milhões de pessoas estão a morrer de fome" em Gaza, enquanto "toneladas de alimentos estão bloqueadas na fronteira", lamentou o responsável da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
"A escalada das hostilidades, as ordens de retirada, a redução do espaço humanitário e o bloqueio da ajuda estão a levar a um fluxo de vítimas num sistema de saúde já sobrecarregado", condenou.
"As pessoas estão a morrer de doenças que poderiam ser prevenidas enquanto os medicamentos aguardam na fronteira e os ataques a hospitais privam as pessoas de cuidados", acrescentou.
No domingo, as forças israelitas sitiaram o hospital indonésio em Beit Lahiya, o último hospital que estava em funcionamento na Faixa de Gaza.
“Todos os hospitais públicos no norte da Faixa de Gaza estão fora de serviço”, anunciou o Ministério da Saúde palestiniano.
Netanyahu promete que "vai assumir o controlo de toda" a Faixa de Gaza
Ao mesmo tempo que autorizou a entrada de ajuda em Gaza, Israel continua a sua ofensiva no território palestiniano e Netanyahu promete que "vai assumir o controlo" de todo o enclave.
“Os combates são intensos e estamos a fazer progressos. Vamos assumir o controlo de todo o território da Faixa”, afirmou o primeiro-ministro israelita num vídeo publicado nas redes sociais.
Depois de ter dado início a uma nova operação, o exército israelita anunciou, no domingo, o início de “extensas operações terrestres” no norte e sul de Gaza, depois de fontes de ambos os lados do conflito terem afirmado que não foram feitos progressos na nova ronda de negociações indiretas entre Israel e o Hamas. Esta segunda-feira, o exército emitiu uma ordem de evacuação imediata para a cidade de Khan Younis, no sul, avisando que está a preparar "um ataque sem precedentes".
No terreno, a Defesa Civil de Gaza reportou a morte de 52 pessoas em bombardeamentos israelitas no território palestiniano esta segunda-feira, enquanto os militares israelitas disseram ter atingido 160 alvos em Gaza nas últimas 24 horas, incluindo posições antitanque, infraestruturas subterrâneas e um ponto de armazenamento de armas. Há ainda notícia de militares israelitas disfarçados de civis que estão a atacar no enclave.
As autoridades de saúde palestinianas reportaram mais de 500 mortos em ataques nos últimos oito dias, enquanto Israel intensificou a sua campanha militar.
Após uma trégua de dois meses, Israel retomou a sua ofensiva contra o Hamas a 18 de Março, alegando que quer "derrotar" o Hamas e obrigá-lo a libertar os restantes reféns. Desde então, ambos os lados acusam-se mutuamente de bloquear as negociações.
Netanyahu disse no domingo estar aberto a um acordo que incluísse o fim da ofensiva militar, mas com a condição de que o Hamas fosse "exilado" e o território "desarmado". No entanto, até agora, o Hamas rejeitou tais exigências, afirmando que está pronto para libertar todos os reféns sequestrados no ataque de 7 de outubro de 2023 como parte de um acordo abrangente que põe fim à guerra e prevê uma retirada israelita total de Gaza.
c/agências