ONU diz que a saúde pública melhorou em África, mas é ainda a pior do mundo

África continua a ser a região do mundo com os piores índices a nível de saúde pública, mas o continente está a encontrar soluções próprias para resolver os problemas, refere a Organização Mundial de Saúde, num relatório hoje divulgado.

Agência LUSA /

Esta agência das Nações Unidas destaca os progressos registados na região e dá exemplos concretos da forma como muitos Governos encontraram formas de ultrapassar as dificuldades nesta área.

Segundo o relatório "A saúde na região de África", o HIV-SIDA continua a devastar África, que tem 11 por cento da população mundial mas 60 por cento das pessoas infectadas. No entanto, o número de seropositivos que recebe tratamento com anti-retrovirais era em Dezembro de 2005 oito vezes superior ao registado em 2003.

Em relação ao combate à malária, o documento refere que dos 42 países mais afectados pela doença, 33 adoptaram uma terapia combinada de medicamentos, considerada a mais eficaz para combater a doença, embora 90 por cento dos 300 a 500 milhões de pessoas afectadas todos os anos pela sejam africanos, especialmente crianças com menos de cinco anos.

A organização destaca ainda que a poliomielite está próximo da erradicação e que 37 países africanos já conseguiram imunizar mais de 60 por cento das crianças em relação ao sarampo. As mortes devido a esta doença reduziram para metade desde 1999 e só em 2005 foram vacinadas 75 milhões de crianças.

Entre os exemplos de sucesso, o relatório refere o caso do Uganda, onde 50 por cento dos infectados com HIV-SIDA recebem tratamento com anti-retrovirais graças a um programa inovador de formação de enfermeiros para desempenhar funções normalmente atribuídas aos médicos.

No Mali, um sistema comunitário de comparticipação nos custos levou a que 35 dos 57 centros de saúde do país tenham agora pessoal habilitado a fazer partos e cesarianas de emergência, proporcionando a milhares de mulheres cuidados obstétricos que antes não tinham.

No Ruanda, uma campanha rodoviária levada a cabo pela polícia, que passou a multar por falta de cinto de segurança ou capacete, resultou na redução, em cerca de um quarto e em apenas um ano, do número de mortes devido a acidentes de viação.

Outro exemplo é o da África do Sul, onde jovens médicos e finalistas de medicina viajam de comboio para zonas remotas e prestam cuidados de saúde a pessoas que de outra forma não teriam acesso a este serviço. O "comboio da saúde" prestou assistência a meio milhão de pessoas, refere a OMS.

Segundo a organização, África pode ultrapassar os grandes desafios que enfrenta na área da saúde se receber apoio internacional suficiente.

"África enfrenta a mais dramática crise de saúde pública, mas este relatório mostra que há soluções que funcionam no contexto africano. Estas soluções podem ser alargadas a todos os que precisam desde que os governos retirem lições dos projectos de sucesso, em coordenação com os parceiros internacionais", afirmou o presidente da Comissão da União Africana (UA), Alpha Oumar Konaré.

Por seu lado, o director regional da OMS para África, o angolano Luís Gomes Sambo, referiu que "a fragilidade dos sistemas de saúde representam uma enorme barreira à aplicação de soluções" alargadas ao continente e apelou aos governos para que façam maiores investimentos nesta área.

Apesar de destacar os avanços em alguns países, no geral do continente a OMS refere que África tem a maior taxa de mortalidade à nascença, infantil e materna e que a região está longe de ter boas condições sanitárias, nomeadamente o acesso a água potável (58 por cento da população).

Este é o primeiro relatório sobre o estado da saúde em África e a região abrangida pelo estudo exclui Marrocos, Tunísia, Líbia, Egipto, Sudão, Djibuti e Somália.


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