ONU pede 250 milhões de euros para ajudar afegãos repatriados
A agência das Nações Unidas para os Refugiados alertou hoje para a enorme vulnerabilidade dos 2,8 milhões de afegãos que tiveram de regressar ao país, pedindo 250 milhões de euros para financiar a assistência.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) disse hoje que cerca de 2,8 milhões de refugiados afegãos tiveram de regressar ao seu país, provenientes do Paquistão e do Irão, este ano, solicitando cerca de 250 milhões de euros para prestar assistência de emergência, incluindo abrigo temporário, artigos de socorro essenciais e serviços de proteção para apoiar as famílias à sua chegada.
Sem apoio internacional urgente, a combinação de migrações em grande escala, vulnerabilidades persistentes nos países vizinhos e uma grave escassez de financiamento pode aprofundar ainda mais a crise humanitária no Afeganistão, alerta a ACNUR.
No caso do Paquistão, em abril deste ano entrou em vigor a segunda fase do chamado Plano de Repatriação para Estrangeiros Ilegais (IFRP, na sigla em inglês) contra os afegãos sem documentos no país, e no Irão os repatriamentos aceleraram drasticamente a partir de março, com a implementação de um novo sistema de retorno que afetou mais de dois milhões de afegãos na república islâmica.
De acordo com esta agência das Nações Unidas, citada pela agência de notícias Europa Press, os afegãos repatriados enfrentam uma situação de extrema vulnerabilidade no Paquistão, devido ao enorme perigo de conflito com os grupos armados que existem na fronteira afegã, nomeadamente os talibãs paquistaneses.
No Irão, a situação não é muito melhor, diz a ACNUR, salientando que os refugiados afegãos são vítimas de abusos sistemáticos e que o seu percurso de regresso é ameaçado por terramotos e inundações no Paquistão, para além dos sismos no território afegão.
Estes regressos em massa sobrecarregaram a capacidade de muitas províncias no Afeganistão e aumentaram o risco de novos deslocamentos internos dos repatriados, muitos dos quais tinham abandonado o país por medo de represálias do regime fundamentalista talibã, novamente no poder desde 2021.
Cerca de seis milhões de refugiados afegãos, na sua maioria sem documentos, vivem atualmente no estrangeiro, a maioria no Irão e no Paquistão, de acordo com os números do Ministério dos Refugiados e Repatriação do Afeganistão, citados pela Europa Press.