Operadora interrompe emissões da Al Jazeera em Israel

por Lusa

A principal operadora de TV por cabo de Israel interrompeu as transmissões da estação televisiva noticiosa Al Jazeera, respeitando uma proibição do canal aprovada hoje pelo Governo, cuja revogação foi já pedida pelas Nações Unidas.

A operadora de TV por cabo Hot desligou na tarde de hoje as transmissões da Al Jazeera em inglês e árabe, apesar de os portais de Internet da estação em árabe e em inglês terem permanecido operacionais.

As emissões da Al Jazeera podem também continuar a ser assistidas ao vivo na rede social YouTube em ambos os idiomas.

Hoje, o Governo do primeiro-ministro Netanyahu aprovou uma medida para encerrar o canal de notícias Al Jazeera do Qatar, acusando-o de transmitir mensagens de incitamento anti-Israel.

As autoridades israelitas já entraram nas instalações da Al Jazeera, para efetivar a decisão governamental.

"Inspetores do Ministério das Comunicações, apoiados pela polícia israelita, estão neste momento a ocupar os escritórios da Al Jazeera em Jerusalém e a confiscar o equipamento do canal", informou o ministro israelita das Comunicações, Shlomo Karhi, na sua conta na rede social X.

O grupo islamita Hamas já reagiu, lamentando que o Governo israelita tenha votado por unanimidade pelo encerramento das emissões da Al Jazeera, considerando a decisão o culminar de uma guerra declarada contra jornalistas, num conflito em que já mais de cem profissionais da informação morreram.

"É uma violação flagrante da liberdade de imprensa e uma ação repressiva e retaliatória contra o papel profissional da Al Jazeera na exposição dos crimes da ocupação", disse o Hamas numa declaração oficial, na qual apela à comunidade internacionais para que os direitos humanos e de imprensa sejam respeitados.

O gabinete do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos denunciou a ordem de suspensão da Al Jazeera e instou o Governo israelita a revogar a sua decisão.

"Lamentamos a decisão do Governo de encerrar a Al Jazeera em Israel", disse o gabinete na sua conta na rede social X, depois de tomar conhecimento da ordem do Governo israelita.

Na mensagem, a agência das Nações Unidas sublinha que "uma comunicação social livre e independente é essencial para garantir a transparência e a responsabilização" e ainda mais neste momento, "dadas as restrições à informação proveniente de Gaza".

"A liberdade de expressão é um direito humano fundamental. Instamos o Governo israelita a revogar a proibição", conclui a nota.

A decisão do Governo israelita está protegida por uma lei sobre os meios de comunicação estrangeiros, aprovada em abril pelo parlamento israelita, e agora denunciada perante o Supremo Tribunal de Israel pela ONG Associação Para os Direitos Civis, que a considera um ataque à liberdade de expressão.

Esta legislação autoriza o governo israelita a ordenar aos emissores de televisão do país que deixem de transmitir a Al Jazeera, que encerrem os escritórios da cadeia de televisão em Israel, além de permitir confiscar os equipamentos do canal, incluindo telemóveis, e bloquear o acesso ao seu site por um período mínimo de 45 dias, que pode ser prolongado.

A ONG Repórteres Sem Fronteiras já condenou a decisão e apela à suspensão imediata desta "lei da censura" que representa "um precedente terrível" para o exercício do trabalho jornalístico em Gaza e integra um exercício de Israel "para silenciar por todos os meios o canal pela sua cobertura da realidade do destino dos palestinianos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia".

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