Oposição cabo-verdiana pede maior coordenação na resposta às cheias de São Vicente

O maior partido da oposição cabo-verdiana (PAICV) pediu hoje maior coordenação na resposta às cheias na ilha de São Vicente, que causaram nove mortos, no dia em que lançou uma campanha de apoio às populações afetadas.

Lusa /

"A normalização da distribuição de energia elétrica e, sobretudo, o restabelecimento do fornecimento de água potável constituem os desafios mais urgentes. Igualmente prioritário é o devido acolhimento das famílias desalojadas e daquelas que viram os seus meios de subsistência destruídos", afirmou o secretário-geral do partido, Vladimir Silves Ferreira, numa conferência de imprensa na cidade da Praia.

Segundo o dirigente, depois de uma reunião extraordinária da Comissão Política do partido, decidiram recolher mantimentos e outros bens essenciais na sede nacional do PAICV, na cidade da Praia, estando a ser definidos pontos de recolha noutras ilhas e municípios.

Vladimir Silves Ferreira destacou o "espírito de junta mão" que, disse, tem unido cabo-verdianos no país e na diáspora para acudir à população afetada, enaltecendo também o gesto de várias câmaras municipais que cancelaram atividades festivas e se prontificaram a prestar apoio financeiro e material.

O secretário-geral do PAICV elogiou ainda sinais de solidariedade já manifestados por parceiros internacionais e defendeu a criação urgente de uma estrutura de articulação eficiente entre o poder público, proteção civil e sociedade para garantir que a ajuda chegue a quem mais necessita.

Alertando para previsões meteorológicas adversas e para o risco crescente de eventos extremos devido às alterações climáticas, defendeu medidas como a aplicação rigorosa dos instrumentos de planeamento urbanístico, a instalação de sistemas de alerta precoce e ações de sensibilização pública para prevenção e mitigação de futuros desastres.

As cheias de segunda-feira provocaram nove mortos em São Vicente e uma mulher continua desaparecida, com destruição de casas, estradas e pontes, deixando bairros inundados e condicionando o abastecimento de água e energia.

O Governo cabo-verdiano declarou situação de calamidade por seis meses em São Vicente, Porto Novo (Santo Antão) e nos dois concelhos de São Nicolau.

A Câmara Municipal de São Vicente começou a entregar subsídios às famílias das vítimas mortais e prepara apoios para desalojados.

Países como Timor-Leste, Guiné-Bissau, Portugal e São Tomé e Príncipe já manifestaram solidariedade para com Cabo Verde.

O navio da Marinha portuguesa atracou hoje em São Vicente com 56 militares, que vão apoiar na remoção de escombros e, com uma dessalinizadora a bordo para fornecer água ao hospital da ilha, afetada pelas cheias que causaram nove mortos.

Conta com drones para recolha de imagens aéreas em zonas de difícil acesso, mergulhadores e equipas preparadas para apoiar a população, além de capacidade hidrográfica caso seja solicitada pelas autoridades cabo-verdianas.

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