Oposição timorense denuncia abusos em faculdade da universidade pública do país
A Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente, na oposição, denunciou hoje "práticas extremamente graves" de assédio sexual, intimidação, humilhação, repressão à liberdade de expressão e abuso de poder contra estudantes numa faculdade da universidade pública do país.
"A bancada recebeu uma carta de denúncia apresentada por estudantes e ex-estudantes de uma faculdade da Universidade Nacional Timor Lorosa`e [UNTL], sobre práticas extremamente graves dentro desta instituição pública de ensino superior", afirmou a deputada da Fretilin, Nurima Alkatiri, numa intervenção antes do período da ordem do dia.
Segundo a deputada, a carta denuncia "práticas como assédio sexual, intimidação, humilhação, repressão à liberdade de expressão e abuso de poder por parte de gestores institucionais".
"Esta é uma situação que exige atenção e ação imediatas. Quando estudantes têm coragem para romper o silencia e denunciar o que acontece na sua faculdade, é nossa obrigação -- nosso dever -- ouvir, proteger e agir", disse a deputada.
A deputada esclareceu que as acusações dos estudantes foram também confirmadas por "outras fontes" e envolvem assédio sexual por parte de docentes, casos de estudantes impedidos de realizar estágios por expressarem a sua opinião nas redes sociais e cobranças feitas a estudantes para adquirir material para a faculdade e participar em estágios.
"Há também denúncias de sanções aplicadas sem qualquer processo disciplinar e sem notificação oficial por parte da direção", disse a deputada, salientando que há relatos de estudantes que dizem ter sido ameaçados e intimidados.
"Todas estas alegações são demasiado graves para serem ignoradas ou minimizadas. Não se trata de um caso isolado. Existem alegações semelhantes noutros estabelecimentos de ensino superior", afirmou Nurima Alkatiri.
Na intervenção, a deputada apelou ao Governo, ao Ministério do Ensino Superior, à reitoria da UNTL e à Comissão da Função Pública para realizarem uma "investigação célere, independente e transparente" para identificar responsabilidades e garantir a proteção das vítimas.
"A universidade deve ser um espaço seguro e democrático para todos, onde cada estudante possa circular, estudar e participar sem medo, com liberdade para expressar as suas ideias, para criticar o que está mal e para manifestar a sua indignação. A universidade não pode ser um espaço de silêncio forçado", sublinhou a deputada.