Organizações deram 19,7 ME para assistência humanitária em Moçambique este ano
Organizações humanitárias desembolsaram 23,2 milhões de dólares (19,7 milhões de euros) para assistência em dinheiro e `vouchers` a 710 mil pessoas em nove províncias moçambicanas desde janeiro, avançou a Organização das Nações Unidas (ONU).
"Desde o início de 2025, 23 parceiros humanitários prestaram assistência em dinheiro e vouchers (CVA) em Moçambique, disponibilizando um total de 23,2 milhões de dólares norte-americanos e alcançando 710.000 pessoas em nove províncias", lê-se num relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês).
De acordo com aquela agência da ONU, a assistência respondeu às necessidades decorrentes dos ciclones, com um financiamento de 11,7 milhões de dólares (9,9 milhões de euros), conflitos, com 7,3 milhões de dólares (6,1 milhões de euros) e a seca, com 4,3 milhões de dólares(3,6 milhões de euros).
O OCHA avança ainda que o maior volume do apoio foi aplicado nas províncias de Nampula, com 11,4 milhões de dólares (9,6 milhões de euros), seguida de Cabo Delgado, com 6,9 milhões de dólares (8,1 milhões de euros), todas no norte de Moçambique.
"Em termos de envolvimento dos parceiros, Nampula acolheu o maior número de organizações que implementam programas de CVA (nove), enquanto Cabo Delgado, Tete, Gaza, Manica, Niassa, Inhambane e Sofala também reportaram presença de parceiros, variando entre uma e oito organizações", descreve-se.
Segundo o documento, os `vouchers em papel representaram a maioria das transferências (72%), seguidos por `voucher` eletrónico (17%) e o dinheiro móvel (11%), sendo que, atualmente, a maioria da assistência é prestada através de mecanismos baseados em `vouchers`, "que têm demonstrado eficácia no reforço da responsabilização e alinhamento com os sistemas nacionais".
"As comunidades continuam a demonstrar forte aceitação do dinheiro como modalidade de resposta, sublinhando o potencial substancial para expansão e para introdução de assistência em dinheiro mais flexível e de uso múltiplo, uma vez validada para resposta a emergências", assinala-se no documento.
A agência das Nações Unidas explica ainda que a ausência de uma plataforma dedicada para reporte de assistência em dinheiro ou `vouchers` de uso múltiplo pode levar a registos duplicados, dado que diferentes `clusters` podem documentar as mesmas intervenções a partir das suas perspetivas.
"Com maior envolvimento do governo e melhor coordenação coletiva - incluindo diálogo contínuo sobre abordagens diversas de entrega de dinheiro - este potencial poderá ser mais eficazmente concretizado", conclui o OCHA.
A Unicef estimou, há uma semana, que quase 1,8 milhões de moçambicanos, dos quais um milhão são crianças, vão necessitar de "assistência vital" em 2026, solicitando 58,8 milhões de dólares (50,5 milhões de euros) para "investimentos significativos".
"A deslocação, a insegurança alimentar, os surtos de cólera e os riscos de proteção persistem, afetando desproporcionalmente as mulheres, as raparigas e as pessoas com deficiência. Quase 1,8 milhões de pessoas - incluindo um milhão de crianças - vão necessitar de assistência vital em 2026", lê-se num relatório do Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef).
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) também alertou na última semana para "lacunas importantes" na resposta humanitária aos afetados pela seca em Moçambique face ao défice de financiamento, tendo conseguido apenas 14% dos 190,6 milhões de euros solicitados em 2024.
"Persistem lacunas importantes na resposta humanitária devido ao financiamento insuficiente recebido", referia-se no relatório da OIM.