Organizações juvenis partidárias e sociedade civil angolanas preocupadas com intolerância política

por Lusa

Organizações juvenis de partidos políticos angolanos com assento parlamentar e da sociedade civil manifestaram hoje preocupação com a crescente "onda de intolerância política" no país, bem como o uso abusivo da força por agentes de segurança do Estado.

A posição foi hoje expressa por representantes da JURA, organização juvenil da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição angolana, da JPA, da Convergência Ampla de Salvação de Angola -- Coligação Eleitoral (CASA-CE), da JURS, do Partido de Renovação Social (PRS) e da JFNLA, da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA).

Juntaram-se às organizações juvenis partidárias, "para darem à conhecer a opinião pública nacional e internacional, a sua indignação face às constantes violações pelo partido no poder, dos direitos e liberdades constitucionalmente consagrados", o Movimento Estudantil Angolano (MEA), a Terceira Divisão de Cacuaco, a União dos Povos de Angola (UPA), a Sociedade Civil Contestatária (SCC) e a Associação Nova Aliança dos Taxistas de Angola (ANATA).

Em conferência de imprensa, estas organizações repudiaram "energicamente" as "detenções arbitrárias, raptos e torturas de cidadãos, jovens em particular".

"Não podemos aceitar que os cidadãos continuem a ser maltratados, só por pensarem diferente. Temos exemplos chocantes da atuação brutal dos agentes da Polícia Nacional, como é o caso recente das províncias do Uíje e Zaire nesta última, jovens manifestantes indefesos, foram agredidos, até à beira da morte. Numa altura em que o Presidente da República discursa na Assembleia-Geral da ONU, que imagem do país se quer passar afinal?", questionam.

Os jovens recusam que "estas práticas continuem a fazer caminho".

"Não pode o cartão de militante continuar a ter maior importância em relação ao bilhete de identidade", criticam, manifestando também preocupação com a subida vertiginosa dos preços das propinas e emolumentos nas instituições de ensino, com ênfase no ensino superior.

O grupo lançou um apelo aos ministérios da Educação, do Ensino Superior e das Finanças "para assumirem o seu verdadeiro papel de garantir equilíbrio por causa do espírito mercantilista de alguns dirigentes do partido que governa".

Segundo os jovens, os atuais preços não refletem a realidade do estudante angolanos, pedindo a revisão da medida.

"Os líderes mostram-se também preocupados com o anunciado em pleno período de pré-campanha eleitoral, sobre a nova divisão político-administrativa que pode culminar com o surgimento de mais cinco províncias no país. Apelam para a realização de eleições livres, justas e transparentes, para a salvaguarda das conquistas até aqui alcançadas, sendo este dever de todos", salientaram.

Os jovens, sublinhando os "vários problemas que afligem os angolanos, com particular realce a juventude, que se vê privada de emprego, habitação, saúde, ensino de qualidade, falta de acesso a oportunidades", apelaram à ida em massa dos jovens aos postos de emissão do bilhete de identidade, assim como aos locais de registo eleitoral, que hoje arrancou em todo o país, para estarem habilitados para o voto, "indispensável para mudar o quadro da situação vigente em Angola".

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