Pablo Casado despede-se da presidência do PP espanhol para dar lugar a Alberto Núñez Feijóo

por Lusa

O ainda presidente do Partido Popular (direita) espanhol, Pablo Casado, despediu-se hoje do lugar, defendendo que construiu uma "alternativa fiável e credível" que deixa a Alberto Núñez Feijóo, que será eleito como novo líder no sábado.

O PP iniciou hoje um congresso de dois dias em Sevilha, no final do qual irá substituir Pablo Casado, que se demitiu depois de um conflito interno com a presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso. Núñez Feijóo, de 60 anos, que há 13 anos lidera a região da Galiza, é o único candidato a suceder a Pablo Casado, de 41 anos.

"Reafirmo que tudo tem valido a pena e qualquer cicatriz é a marca do esforço que vem com o trabalho para o povo espanhol", sublinhou Pablo Casado no seu discurso de despedida no 20º Congresso Extraordinário do PP.

Casado disse que em política "é importante ser-se responsável": "Cheguei a um congresso democrático [em 2018] e vou partir num congresso democrático, colocando o meu mandato à vossa disposição", disse o líder cessante aos mais de 3.000 delegados presentes no conclave.

No seu discurso, recordou que tomou as rédeas do PP em julho de 2018, quando o partido tinha acabado de perder o poder em Espanha, depois de sofrer uma moção de censura "dolorosa".

O líder cessante salientou que nos últimos três anos conseguiu contrariar todos os imprevistos enfrentados pelo partido, "deixando-o às portas do Palácio Moncloa [sede do Governo], após uma longa viagem no deserto".

Também defendeu a sua gestão interna à frente do PP, porque em todos os momentos tentou "dar a todos o seu lugar", porque "todos eram necessários", desde os jovens populares até "aqueles que têm cabelo grisalho e ainda têm muito a contribuir".

O ainda presidente do PP anunciou no final da sua intervenção que decidiu abandonar o seu lugar no Congresso dos Deputados (câmara baixa do parlamento), assim como "qualquer responsabilidade no partido".

Antes da intervenção de Casado, os ex-primeiros-ministros do PP Mariano Rajoy (2011-2018) e José María Aznar (1996-2004) tinham dado a Alberto Núñez Feijóo o seu apoio firme, ao mesmo tempo que o incentivaram a não falhar.

Mariano Rajoy, apelou à "unidade" do PP em redor do novo líder, ao mesmo tempo que valorizou a "dedicação" de Pablo Casado em tempos muito difíceis e pediu para este "não prescindir de ninguém".

O antigo primeiro-ministro fez uma dura crítica ao atual Governo do socialista Pedro Sánchez, sublinhando que se agora os apoiantes da independência da Catalunha estão mais calmos é porque foi aplicado o artigo 155º da Constituição que prevê a possibilidade do Estado central intervir numa das Comunidades Autónomas.

Rajoy recordou que Casado presidiu ao partido num momento de extrema dificuldade e quis valorizar e agradecer-lhe "de forma especial" pela sua dedicação e entusiasmo na defesa do PP.

Por seu lado, o também antigo ex-primeiro-ministro José María Aznar fez uma intervenção em que incentivou o PP a "avançar, deixando para trás os erros, mas não o povo" e valorizou e agradeceu o trabalho de Pablo Casado, desde que tomou a iniciativa de liderar o partido até à sua recente demissão.

Aznar, que esteve presente por videoconferência devido a ter dado positivo num teste à covid-19, recordou que Casado assumiu a responsabilidade "quando não foi fácil" e teve de enfrentar o Governo "mais radical".

"Com a sua demissão, deu lugar a esta nova situação. Onde quer que esteja, obrigado Pablo pelo teu esforço", disse Aznar, que em seguida pediu unidade em torno de Alberto Núñez Feijóo, porque o seu "êxito" será também o do PP e o de Espanha.

O ex-chefe do Governo espanhol ofereceu o seu apoio "sem reservas e com esperança" ao próximo líder do PP, acrescentando que o seu "sucesso" será "de todos", bem como um aviso: "Não podemos falhar".

Para muitos responsáveis do PP, a escolha de Alberto Núñez Feijóo irá marcar o regresso de um gestor experiente à cena política nacional, onde os outros grandes partidos são todos liderados por pessoas mais jovens.

Tendo ganho as últimas quatro eleições regionais com maioria absoluta na Galiza, onde conseguiu evitar a ascensão do partido de extrema-direita Vox, Núñez Feijóo terá agora de transitar para a política nacional, que é muito diferente, e onde o PP poderá precisar do apoio do Vox (extrema-direita) para governar novamente.

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