País Basco em análise
O presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, e o líder basco Juan José Ibarretxe reuniram-se hoje em Madrid para analisar a situação política no País Basco e resolver questões financeiras pendentes.
Em declarações aos jornalistas depois da reunião de duas horas, o ministro da Administração Pública, Jordi Sevilla, afirmou que ambos os responsáveis partilham da posição de ser "necessário o fim imediato da violência", o que passa "pelo desaparecimento" da ETA.
Esse desaparecimento é "pré-condição para fazer avançar qualquer processo de normalização" da situação política na região, um aspecto sobre o qual "há acordo" com o governo e o povo basco, frisou Sevilla.
No encontro do final da tarde, Zapatero reiterou a posição do governo espanhol de que qualquer ronda de contactos entre o governo basco e as forças políticas da região autónoma só teria validade depois do fim da ETA.
Recorde-se que em Agosto Ibarretxe anunciou que tenciona promover uma ronda "discreta" de contactos com todos os partidos políticos bascos, incluindo o ilegalizado Batasuna.
Numa nota emitida depois do encontro de duas horas e meia o governo basco reafirma que esse processo de diálogo é essencial para "gerar as condições suficientes para pôr em marcha um instrumento de diálogo" que conduza à normalização política.
Ibarretxe refere no comunicado ter oferecido a Zapatero um "diálogo sincero e discreto" em busca da paz para a região e para Espanha.
Além de analisar a situação política, o encontro de hoje permitiu resolver igualmente algumas questões pendentes no relacionamento entre o governo autonómico e o executivo nacional, entre eles o "cupo", os fundos que a comunidade dá para ao Estado pelos serviços que este presta à região.
O governo anunciou que espera conseguir nos próximos dias um acordo sobre o valor do "cupo", o que a acontecer resolveria um impasse entre o executivo nacional e o regional que dura há dois anos.
Também acordado foi o pagamento de indemnizações pelo desastre do Prestige e um pacote de financiamento para a ampliação da política autonómica basca.
Foi o quarto encontro entre os dois líderes desde Março de 2004 quando Zapatero assumiu a presidência do governo espanhol.
Numa primeira reacção ao encontro, o Partido Popular, na oposição, exigiu a Zapatero e ao líder basco que garantam que os acordos eventuais sobre os vários temas avancem "em cumprimento da lei".
"O que têm que falar o senhor Zapatero e o senhor Ibarretxe é de que se convoque e funcione o parlamento basco e não se vão criar mesas de debate fora das instituições para albergar organizações declaradas ilegais por fazerem parte do terrorismo", disse um porta-voz do partido.
ASP.
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