Países da África Central e Sudão debatem mecanismos para salvar a fauna africana
Yaoundé, 18 jun (Lusa) - A destruição da fauna africana é o tema central da 15.ª Conferência de Parcerias para a Floresta da Bacia do Congo (PFBC) que se inicia hoje em Yaoundé, com a participação de 600 delegados.
Os trabalhos da conferência, sob o lema "Ecossistema da Bacia do Congo: capital natural, produtor de valor económico e motor do crescimento verde para o bem-estar das populações", terminam sexta-feira.
Antes da conferência realizou-se, também em Yaoundé, uma reunião extraordinária do conselho ministerial da Organização para a Conservação da Fauna Selvagem em África (OCFSA), em cuja sessão de encerramento, o ministro da Floresta e da Fauna camaronês, Ngole Philip Ngwese, alertou para o facto de 25% da fauna africana poder desaparecer nos próximos cinco anos.
"Até 2020, cerca de 25% de espécies de fauna poderá desaparecer. A título de ilustração, os efetivos das populações de elefantes das florestas da África Central conheceram uma baixa de cerca de 62% entre 2002 e 2011 como consequência de caça furtiva", disse o governante camaronês.
Ngole Philip Ngwese recordou ainda que entre 2009 e 2014 mais de 60 diferentes mercadorias ilegais saídas das florestas africanas, entre os quais 92 toneladas de marfim, foram registadas no mundo inteiro.
"Isso representa 20 a 25 mil elefantes abatidos ilegalmente, sobre uma população estimada entre 420 mil e 650 mil indivíduos", acrescentou, sublinhando que a diminuição da população de elefantes pode a curto prazo comprometer o equilíbrio ecológico.
Depois de lamentar que o elefante negro da África Ocidental "provavelmente desapareceu", citou o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para dizer que as perdas económicas resultantes do tráfico ilícito da fauna africana situam-se na ordem de 50 a 150 milhões de dólares anuais (44 a 132 milhões de euros).
"É uma ameaça que pesa sobre o património da nossa fauna e atribuído principalmente à caça furtiva e ao comércio ilícito dos produtos da fauna que podem, entretanto ser consideravelmente reduzidos se todos os estados membros conjugarem esforços", referiu o governante camaronês.
Relativamente à 15.ª Conferência de PFBC, está prevista a participação de pelo menos 600 delegados em representação dos 10 estados membros (Burundi, Camarões, Chade, Congo, Gabão, Guiné Equatorial, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Ruanda e São Tomé e Príncipe) e de organizações ligadas a agricultura, floresta, fauna e ecossistemas dos países da África Central e do Sudão.