Países devem dirigir combate contra consumo e oferta de droga, diz ONU
Na luta contra a droga, os países devem dirigir os seus esforços tanto para a erradicação da oferta quanto para a diminuição da procura, defendeu hoje em Viena o Órgão Internacional de Controlo dos Estupefacientes (OICE).
Durante a apresentação do relatório anual (2004) sobre o consumo e tráfico de droga, o presidente do organismo, o iraniano Hamid Ghodse, chamou a atenção para o facto que "os mecanismos de oferta e de procura" se influenciarem "mutuamente".
"O êxito na duração da redução da oferta está subordinado aos programas de redução da procura criados nos países de grande consumo de drogas ilícitas", prosseguiu Hamid Ghodse.
Apesar de os governos persistirem em tratar a oferta e a procura de droga como questões distintas, estas estão "inextrincavelmente ligadas e formam um todo homogéneo", disse, por seu lado, o austríaco Rainer Schmid, membro da direcção do OICE.
É necessário, em seu entender, pôr em prática "estratégias conjuntas e complementares dos organismos competentes (polícia, médicos e serviços sociais) e da sociedade para se chegar a um consenso contra a aceitação" do consumo de droga.
"Os programas educacionais sobre o consumo de estupefacientes têm melhores resultados quando são aplicados precocemente no âmbito de um ensino geral, que destaque os riscos associados à toxicodependência, quando beneficiam do apoio da classe política e social e quando são acompanhados de medidas de redução da oferta", sublinha o relatório.
Nesse sentido, o OICS recomenda aos governos que criem uma "autoridade central (Ó) encarregada de coordenar as iniciativas e repartir os recursos financeiros entre os serviços responsáveis pela prestação de cuidados, detecção e repressão, justiça penal e questões sociais e educativas".
O relatório preconiza a aposta em programas de educação e de prevenção que "contribuam para eliminar a tolerância" da toxicodependência e para a "manutenção de comportamentos adequados em relação à oferta e consumo de drogas ilícitas".
"Estes programas - considera o OICS - ajudam os indivíduos a fazer escolhas mais esclarecidas e criam um ambiente onde cada um pode ter um modo de vida são, nomeadamente quando são integrados em programas de prevenção ao nível dos estabelecimentos de ensino".
"Graças à diminuição dos indivíduos vulneráveis, haverá menos riscos de que mercados de droga emergentes ou novos se transformem em mercados estabelecidos, o que reduzirá a necessidade de drogas ilícitas e, a prazo, a oferta", diz ainda o relatório.
Durante a apresentação do relatório, Hamid Ghodse congratulou- se com a recente decisão da Holanda de reduzir o número de "coffee- shops", locais onde a "cannabis" é de venda livre.
Trata-se de uma "modificação fundamental" na política holandesa e visa a "aplicação integral dos tratados internacionais relativos à cannabis", considerou.
Por outro lado, o presidente do OICS alertou para a explosão de vendas ilícitas na Internet de produtos farmacêuticos que contêm narcóticos e substâncias psicotrópicas.
"Vários milhões de doses de medicamentos (psicotrópicos) são vendidos ilicitamente na Internet anualmente, pondo em risco a saúde dos clientes e representando um problema de envergadura mundial", alerta o OICS no relatório.
"São medicamentos caros, de má qualidade, que, em numerosos casos, são vendidos a crianças e adolescentes", lê-se.