PAM assistiu mais de 400 mil pessoas em junho no norte de Moçambique

O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) prestou, em junho, assistência humanitária a mais de 400 mil pessoas afetadas por conflitos armados no norte de Moçambique.

Lusa /

De acordo com o mais recente relatório operacional daquela agência da ONU, no âmbito da insurgência armada, foram assistidas 403.025 pessoas (95% das 418.765 afetadas) nos distritos de Macomia, Nangade, Quissanga e Muidumbe, em Cabo Delgado, afetada pelo conflito, desde 2017.

"Os principais desafios que marcaram o ciclo de distribuição incluíram interrupções frequentes devido à disponibilidade limitada de combustível, preocupações de segurança, que obrigaram a adiamentos em alguns locais, e acesso limitado a alguns locais do distrito de Quissanga", avança o documento.

A agência da ONU alertou que atualmente são fornecidas às populações afetadas pela insurgência meias rações, "de dois em dois meses", devido aos recursos limitados.

No mesmo período, o PAM transferiu cerca de 2,6 milhões de dólares (2,2 milhões de euros) em apoio monetário, necessitando cerca de 153,6 milhões de dólares (133,2 milhões de euros) em financiamento líquido semestral (julho-dezembro de 2025), representando 79,3% do total das necessidades.

Segundo a agência das Nações Unidas, ainda em junho, foram apoiadas 250.270 pessoas afetadas pela seca causada pelo fenómeno climático "El Niño", e 47.730 pessoas afetadas pelos três ciclones que atingiram Moçambique, só entre dezembro e março, que, além da destruição de milhares de casas e infraestruturas, provocaram cerca de 175 mortos, no norte e centro do país.

"Em junho, 9.287 crianças com menos de cinco anos receberam alimentos suplementares prontos a usar e 3.122 mulheres e raparigas grávidas e lactantes receberam `super cereal` para o tratamento da malnutrição aguda moderada e grave", conclui-se.

O número de ciclones que atingem Moçambique "vem aumentando na última década", bem como a intensidade dos ventos, alerta-se no relatório do Estado do Clima em Moçambique 2024, do Instituto de Meteorologia de (Inam), noticiado no final de março pela Lusa.

A província de Cabo Delgado, situada no norte do país, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.

As novas movimentações de extremistas no norte de Moçambique incluem Niassa, província vizinha de Cabo Delgado, onde, desde a sua eclosão em 29 de abril, provocaram pelo menos a morte de dois guardas florestais que foram decapitados.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.

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