Pandemia recrudesce e estado mais populoso do Brasil aumenta restrições

O governo do estado brasileiro de São Paulo, cujo sistema de saúde está à beira do colapso devido á covid-19, anunciou hoje novas restrições no âmbito do combate à pandemia, que entrarão em vigor no sábado.

Lusa /

Segundo informações divulgadas numa conferência de imprensa liderada pelo governador `paulista`, João Doria, o estado passou para a fase vermelha de seu plano de contenção da doença, que autoriza apenas o funcionamento de setores essenciais como saúde, transportes, supermercados, escolas e templos religiosos.

"Estamos em São Paulo e no Brasil à beira de um colapso. Exige medidas coletivas e urgentes (...) Atendendo à recomendação do centro de contingência reclassificamos todo o estado de São Paulo para a fase vermelha [do plano de combate à covid-19] a partir da 00:00 de sábado", disse Doria na conferência de imprensa.

As medidas deverão manter-se em vigor, pelo menos, até dia 19 de março.

Na cidade de São Paulo, capital do estado, 230 pessoas aguardam uma vaga nos cuidados intensivos destinado a pacientes em estado grave em hospitais públicos municipais e estaduais para o tratamento da covid-19, segundo o jornal Folha de S.Paulo.

Outras 220 pessoas, com sintomas menos graves, esperam internamentos em enfermarias, destacou o mesmo jornal.

São Paulo é o estado mais afetado pela pandemia no país, com 60.014 mortos e mais de dois milhões de casos acumulados.

No Brasil como um todo, a situação está a agravar-se rapidamente.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou hoje uma nota técnica com um alerta de que, pela primeira vez desde o início da pandemia, "verifica-se em todo o país o agravamento simultâneo de diversos indicadores, como o crescimento do número de casos e de óbitos, a manutenção de níveis altos de incidência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), a alta positividade de testes e a sobrecarga dos hospitais".

No momento, 19 estados brasileiros apresentam taxas de ocupação de camas para pacientes que precisam de tratamento intensivo acima de 80%.

"O cenário alarmante, segundo a análise, representa apenas a ponta do icebergue de um patamar de intensa transmissão no país. Diante disso, os pesquisadores acreditam ser necessária a adoção de medidas não-farmacológicas mais rigorosas", diz a Fiocruz.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar 257.361 vítimas mortais e mais de 10,6 milhões de casos confirmados de covid-19.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.549.910 mortos no mundo, resultantes de mais de 114,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.430 pessoas dos 806.626 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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