Papa pede que escolas católicas apoiem desfavorecidos e evitem tecnofobia
O Papa Leão XIV pediu hoje aos centros educativos católicos que reforcem a formação dos docentes também em matéria digital, "evitando a tecnofobia", e favoreçam o acesso à educação dos mais necessitados.
A carta apostólica intitulada "Traçando novos mapas de esperança" foi publicada por ocasião dos 60 anos da declaração "Gravissimum educationis", documento sobre a educação católica saído do Concílio Vaticano II (1962-65).
O texto, sobre um dos temas destacados pelo Papa no início do pontificado, aborda o uso da tecnologia e pede "criatividade pastoral" para "reforçar a formação dos docentes também em matéria digital, valorizar a didática ativa, promover a aprendizagem-serviço e a cidadania responsável e evitar toda a tecnofobia".
"A nossa atitude perante a tecnologia nunca pode ser hostil, porque o progresso tecnológico faz parte do plano de Deus para a criação", considerou Leão XIV.
O importante "não é a tecnologia, mas o uso que é feito dela. A Inteligência Artificial e os meios digitais devem orientar-se na proteção da dignidade, da justiça e do trabalho", acrescentou o Papa, advertindo que "nenhum algoritmo pode substituir a poesia, o amor ou a alegria da descoberta".
As universidades católicas precisam de "menos cátedras e mais mesas onde seja possível estar junto, sem hierarquias desnecessárias, para tocar nas feridas da história e procurar (...) sabedorias que nasçam da vida dos povos", acrescentou.
Leão XIV destacou que "a família continua a ser o primeiro lugar de educação" e que "as escolas católicas colaboram com os pais, não os substituem, porque o dever da educação, sobretudo religiosa, pertence aos pais antes de qualquer outra pessoa".
O líder católico recusou o "foco puramente mercantilista que, com frequência, obriga hoje em dia a medir a educação em termos de funcionalidade e utilidade prática".
"Onde o acesso à educação continuar a ser um privilégio, a Igreja deve empurrar as portas e inventar caminhos, porque perder os pobres equivale a perder a própria escola", salientou.
"A educação católica tem a tarefa de reconstruir a confiança num mundo marcado pelo conflito e pelo medo, lembrando que somos filhos, não órfãos: desta coincidência nasce a fraternidade", afirmou.
O Papa concluiu o texto com um convite às comunidades educativas "para desarmar as palavras" e educar com "linguagens não violentas, reconciliação, pontes e não muros".